Divulgação

In Memoriam – Um ano sem Regis Moraes

Crédito da imagem: Dario Crispim/Unicamp

Por Joaquim Sorian

Há um ano, no dia 26 de agosto de 2019, um enfarte fulminante levou Regis Moraes do nosso convívio. Dias depois Sebastião Velasco, amigo e parceiro do Regis em várias inciativas políticas, acadêmicas e educacionais apresentou uma ideia: publicar um livro reunindo alguns dos textos dele produzidos nos últimos anos. Logo solicitou a ajuda de Luis Vitagliano para “procurar os textos na internet”. Miriam Goldfeder, companheira afetiva de Regis também se incorporou ao projeto. Foi assim que a Fundação Perseu Abramo publicou Palavra engajada. No cronograma original, o lançamento seria em um auditório da UNICAMP, mas a pandemia interditou a homenagem presencial.

O livro está disponível aqui.

Mas… recuperei um texto que não consta nesta coletânea, em uma rede social do Regis de 6 de janeiro de 2019, poucos dias depois da posse do Bolsonaro.

“A gang que tomou o governo tem várias facções e por vezes é difícil identificar qual delas está por detrás da estupidez mais recente.

Alguns interpretam algumas dessas barbaridades, em geral vinculadas à chamada ‘pauta moral e identitária’, da seguinte maneira:

1. Trata-se de cortina de fumaça para distrair o distinto público enquanto as coisas que contam (a grande sacanagem) é realizada silenciosamente – instituições reguladoras são desmontadas, o país é vendido, políticas públicas são destruídas.

2. Trata-se de circo que visa manter o nível de surto psicótico dos eleitores do ex-capitão, ou pelo menos sua parcela mais nervosa.

Pode ser tudo isso e pode ser também uma pauta verdadeira para a gang, não um circo, uma representação – ou pelo menos pode ser uma pauta central para uma ou duas de suas facções, os pastores, a família buscapé. Só que essas eram coisas que alguns já diziam antes, mas apenas em ambientes limitados. Agora ‘eles se acham’, a estupidez e a sanha de mandar perderam os freios.

O ex-capitão vomita coisas que depois os auxiliares precisam contornar. Ao que parece, está convencido de que foi eleito não para presidir uma república, com suas normas, mas foi ungido imperador, para decidir até mesmo sobre os casamentos, as rezas, o cardápio das refeições dos súditos.

Isso não vai parar por si mesmo. Um governo não cai. Ele é derrubado. Às vezes pelo lado de dentro, um processo de autofagia. Às vezes por fora, com o arrombamento das portas do palácio e o enforcamento do Duce. Mas nenhuma dessas situações existe hoje. Ainda não.”

Como diz Sebastião Velasco , “O Reginaldo era dono de um estilo inconfundível, e a riqueza de informações que conseguia condensar nos seus ‘curtos’ é impressionante”.

* Reproduzido do site da Carta Maior em 26 ago. 2020. Versão original no Democracia Socialista.

Realização:
Apoio:

Conheça o projeto OPEU

O OPEU é um portal de notícias e um banco de dados dedicado ao acompanhamento da política doméstica e internacional dos EUA.

Ler mais