Fonte: Escritório do Diretor de Inteligência Nacional

Por Yasmim Abril M. Reis* [Documentos] [Inteligência] [Ameaças globais] 

Em março de 2025, o Departamento de Inteligência Nacional dos Estados Unidos publicou o relatório anual com a avaliação das principais ameaças mundiais de acordo com a comunidade de Inteligência norte-americana. O documento é lançado anualmente, conforme estabelecido na Lei de Autorização de Inteligência FY21. O objetivo da avaliação consiste na entrega, aos formuladores de política, aos combatentes de guerra e aos departamentos associados à Segurança Nacional, de uma avaliação das principais ameaças aos interesses nacionais e às vidas norte-americanas.  

Os Estados Unidos enfrentarão, nos próximos anos, um sistema internacional complexo e com desafios estratégicos. Em tal contexto, o documento identifica dois desafios principais. O primeiro deles diz respeito às redes transnacionais de organizações criminosas, englobando atores estatais e não estatais. Nesse tópico, o documento elenca a atuação de atores estrangeiros como prioritária no que diz respeito às drogas ilícitas, incluindo nessa categoria os cartéis de drogas como organizações terroristas. O manuscrito responsabiliza os referidos cartéis pela morte de mais de 52.000 cidadãos norte-americanos em decorrência do comércio ilegal de opioides sintéticos. Entre os atores responsáveis, o documento destaca México e Colômbia como principais produtores e exportadores regionais. Destaca-se, ainda, no relatório, o papel da China como o principal país fornecedor, seguido da Índia, de produtos químicos e de produtos de prensagem de comprimidos ilícitos. Desse modo, também relaciona tais países ao tema da imigração ilegal, caracterizando esse movimento como uma ameaça aos interesses nacionais estadunidenses.  

Departamento de Inteligência Nacional dos EUA publica relatório anual das ameaças globais

Saiba mais sobre o relatório anual de 2024 neste Documentos OPEU de Yasmin Reis

O segundo menciona os desafios impostos aos interesses dos EUA no mundo, atribuindo esse problema a potências como Rússia, China, Irã e Coreia do Norte. Nesse aspecto, o documento apresenta que esses países desafiam a primazia norte-americana em setores como comércio, finanças e segurança, promovendo um sistema de competição alternativo aos Estados Unidos. Além disso, no que concerne a esses atores, outro tema se insere: a ameaça das armas biológicas e químicas. De acordo com o relatório, há uma preocupação com a posse desses armamentos por parte de Rússia e Coreia do Norte, justificando que a Rússia tem usado tais substâncias contra a Ucrânia desde 2022. No que se refere à China e ao Irã, existe a inquietação a respeito da capacidade de desenvolvimento dessas armas pelas referidas potências, evidenciando os desafios complexos que o cenário internacional impõe aos EUA já sob o segundo governo Donald Trump.  

A avaliação anual de ameaças objetiva, assim, fornecer ao Congresso norte-americano e à população atualizações das ameaças à Segurança Nacional, detalhando os desafios para o ano em curso e para as próximas décadas. O documento também delineia um projeto de ameaça e risco no curto e também no longo prazo.  

* Yasmim Abril M. Reis é doutoranda em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP), mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Segurança Internacional e Defesa da Escola Superior de Guerra (PPGSID/ESG), pesquisadora colaboradora no OPEU e líder de pesquisa voluntária no Laboratório de Simulações e Cenários na linha de pesquisa de Biodefesa e Segurança Alimentar (LSC/EGN). Contato: reisabril@gmail.com. 

** Primeira revisão e edição final: Tatiana Teixeira. Primeira versão recebida em 24 abr. 2025. Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

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