Resenha OPEU

Névoa da Guerra: Reflexões sobre McNamara

McNamara no documentário ‘Sob a névoa de guerra’ (Fonte: PrimeVideo)

Por Carolina Weber* [Resenha OPEU]

Sob a Névoa da Guerra - Documentário 2003 - AdoroCinema

Fonte: AdoroCinema

O documentário “Sob a névoa de guerra: 11 lições sobre a vida de Robert S. McNamara”, lançado em 2003 e dirigido por Errol Morris, foi agraciado com o Oscar de Melhor Documentário em 2004. Esse filme adota o formato de uma entrevista, explorando os desafios enfrentados por Robert McNamara, ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos e ex-presidente do Banco Mundial, durante o fim do século XX.

Além de examinar o período turbulento da Guerra do Vietnã (1959-1975), o documentário serve como uma espécie de biografia de McNamara, especialmente durante seus anos de serviço nos governos de John Kennedy (35º presidente dos EUA, de 1961 a 1963) e Lyndon Johnson (36º presidente dos EUA, de 1963 a 1969). A produção também aborda eventos marcantes da Guerra Fria (1947-1991), como a Crise dos Mísseis em Cuba, os bombardeios no Japão e a ameaça de ataques nucleares, entre outros acontecimentos cruciais desse período conturbado da história mundial.

O filme oferece uma visão única do papel de um secretário de Defesa dos Estados Unidos, que atua como o principal executivo do Departamento de Defesa, nomeado pelo presidente. Até seu afastamento do governo, em 1968, Robert McNamara desempenhou um papel central nas decisões e estratégias adotadas durante um período tumultuado da história americana.

Além de revisitar os eventos históricos significativos da época, o documentário lança luz sobre a vida do ex-secretário de Defesa por meio das 11 lições que ele extraiu de sua experiência. Há um foco particular na Guerra do Vietnã, na qual McNamara é frequentemente retratado como o “arquiteto” das ações dos Estados Unidos, bem como nos impactos humanos e nos desdobramentos da Guerra Fria, incluindo os ataques nucleares ao Japão e a Crise dos Mísseis.

O uso meticuloso de imagens, vídeos, entrevistas e relatos pessoais enriquece a compreensão dos espectadores sobre os eventos históricos e aprofunda a reflexão sobre as lições aprendidas. O documentário instiga uma análise crítica da necessidade de se considerar as implicações éticas e morais ao tomar decisões em contextos de conflito armado, no qual o único objetivo não deve ser a vitória a qualquer custo, mas sim a compreensão da responsabilidade e da culpa após os eventos.

Prime Video: Razões Para a Guerra

Fonte: PrimeVideo

No desfecho do documentário, McNamara explica o significado do título e a metáfora da “névoa da guerra”, que simboliza a complexidade e a incerteza que permeiam os conflitos armados. Ele expressa a sensação de estar envolto por uma névoa, incapaz de compreender totalmente as nuances e as consequências das decisões tomadas, uma analogia que ressoa com a experiência na Guerra do Vietnã, como também detalhado no documentário “Razões para a guerra” (2005), de Eugene Jarecki.

Portanto, a obra evidencia as falhas nas resoluções tomadas por McNamara e pelos presidentes que lideraram os Estados Unidos no referido período. O legado das 11 lições de McNamara repercute em pressões populares e debates contínuos que perduram até os dias atuais, gerando reflexões profundas sobre os eventos históricos em questão. No desfecho do documentário, são apresentadas falas e imagens reflexivas de McNamara, destacando momentos em que ele questiona seus próprios atos e as decisões que moldaram sua vida. Essa introspecção revela a complexidade moral e ética enfrentada por líderes políticos em tempos de conflito e incerteza, deixando uma marca indelével no entendimento da história contemporânea.

 

* Carolina Weber é bolsista de Iniciação Científica do INCT-INEU/OPEU (PIBIC-CNPq), graduanda em Defesa e Gestão Estratégica Internacional do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID/UFRJ). No OPEU, cobre a área de meio ambiente e energia dos EUA e faz parte da equipe do Instagram. Contato: carolinaweberds@gmail.com.

** Texto escrito como parte da avaliação proposta pela disciplina obrigatória de Introdução ao Estudo de Defesa, ofertada em 2021 pelo professor do IRID/UFRJ, Henrique Paiva. Nova versão recebida em 22 mar. 2024. Primeira revisão: Simone Gondim. Contato: simone.gondim.jornalista@gmail.com. Segunda revisão e edição final: Tatiana Teixeira. Esta resenha não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.

*** Sobre o OPEU, ou para contribuir com artigos, entrar em contato com a editora Tatiana Teixeira, no e-mailtatianat19@hotmail.com. Sobre as nossas Newsletters, para atendimento à imprensa, ou outros assuntos, entrar em contato com Tatiana Carlotti, no e-mailtcarlotti@gmail.com.

 

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