Divulgação

Pesquisadores do OPEU participam da Abri 2022

OPEU na ABRI, após palestra do coordenador do Observatório e do INCT-INEU, prof. Sebastião Velasco e Cruz (ao centro), em São Paulo, em 6 out. 2022 (Arquivo pessoal)

Por Tatiana Teixeira*

(2º da esq. para dir.) Prof. Sebastião Velasco e Cruz (Arquivo pessoal)

Vários pesquisadores do Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU) participaram do 6º Seminário de Graduação e Pós-Graduação em Relações Internacionais da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI), realizado em formato híbrido, de 5 a 7 de outubro de 2022, no Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRI-USP), sob o tema “Relações Internacionais: da América Latina para o mundo”.

A participação da Equipe OPEU foi possível, graças ao apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre o Estados Unidos (INCT-INEU) e do CNPq.

Evento mais importante da área de Relações Internacionais do país, o seminário reuniu especialistas de diferentes áreas para discussões em painéis de alto nível. Entre eles, “A crise na Ucrânia e reconfigurações de poder na economia política internacional: novos e velhos desafios para a América Latina”, no dia 6, que contou com palestra do coordenador do INCT-INEU e do OPEU, professor Sebastião Velasco e Cruz (Unicamp e Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas).

 

Confira abaixo a participação completa dos pesquisadores do Opeu

Paper A Atuação dos Grupos de Interesse na Formulação da Política de Investimento dos Estados Unidos: o caso da negociação do capítulo 14 do USMCA

Área Temática: Análise de Política Externa 

Data da apresentação: 7/10/22 

Autor: Lucas Amorim, doutorando em Relações Internacionais (IRI/USP), pesquisador colaborador do Opeu

Associação Brasileira de Relações Internacionais - Últimas notícias - 6º  Seminário Graduação e Pós-Graduação da ABRIResumo: O então presidente americano, Donald Trump, empreendeu uma renegociação inédita das regras de comércio e investimento entre EUA, Canadá e México. O trabalho tratará, especificamente, do processo de negociação do capítulo 14, referente a investimento, no âmbito do novo Acordo entre Estados Unidos, México e Canadá (USMCA, na sigla em inglês). O texto do novo capítulo representa uma paradoxal redução do nível de proteção oferecido aos investidores estrangeiros em relação a seu predecessor, o capítulo 11 do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta, na sigla em inglês).

Será investigada a atuação de grupos de interesse durante o processo de negociação no sistema de comitês consultivos de comércio (advisory trade committees) vinculado ao Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), onde diversos setores econômicos e sociais estão representados.

Este trabalho, que assume o formato de estudo de caso, utilizará o método histórico para analisar 40 documentos, a maioria proveniente dos 25 comitês consultivos de comércio, além de adendos apensados aos relatórios iniciais e depoimentos apresentados fora do mecanismo oficial de consulta por mais sete entidades. Foi possível identificar uma clara influência de propostas de organizações, inclusive na formulação da política externa econômica estadunidense. Entre elas, destaca-se a da National Manufacturers Association (NMA), na manutenção de algum nível de proteção ao investimento estrangeiro e, especificamente, no ajuste fino da redação do acordo para a cobertura plena dos investimentos denominados “contratos governamentais cobertos”.

***

Paper O 5G e o conceito de território: Uma análise transversal a partir do caso EUA vs Huawei

AT: Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa 

Data da apresentação: 7/10/22 

Autor: Marcus Tavares, mestrando em Economia Política Internacional (PEPI/UFRJ) e graduando em Direito pela UFRJ, bolsista de Iniciação Científica (INCT-INEU/PIBIC-CNPq) 

Resumo: A tecnologia 5G desenvolvida pela empresa chinesa de telecomunicações Huawei se configura como um dos frutos que surgiram do investimento da China em novas tecnologias nas últimas décadas. O artigo parte da interpretação de que a tecnologia 5G é muito mais do que a nova geração de rede móvel, configurando-se como vetor propulsionador de diversas outras tecnologias disruptivas. Este quadro se deve a sua alta velocidade de conexão e baixa latência, ou seja, sua capacidade de manter uma alta velocidade de tráfego de dados sem oscilações. Dessa forma, espera-se, para um futuro próximo, novos modelos produtivos e um aumento expressivo de equipamentos conectados, resultando em um crescimento exponencial de dados circulantes pela infraestrutura da conexão 5G. Cabe ressaltar que as novas possibilidades disruptivas se aplicam tanto no âmbito econômico como no contexto militar – com veículos de combate não tripulados e no âmbito da cibersegurança (monitoramento e espionagem). Diante desse contexto, a Huawei sofre sanções por parte do governo estadunidense desde 2019, sob a alegação de espionagem.

O trabalho interpreta que as sanções contra a Huawei se deram a despeito do alto nível de interdependência econômica entre os dois países e dos benefícios possíveis da busca conjunta por melhores meios de se aproveitar as possibilidades abertas pela nova tecnologia. Isso contraria a ideia de superioridade da racionalidade liberal pela busca de ganhos econômicos, constituindo-se como uma resposta de cunho realista. Dado o exposto, a hipótese defendida é que as sanções à Huawei se configuram como a representação de uma limitação da política cosmopolita liberal – adotada pelo governo norte-americano ao longo da chamada Pax Americana. Além disso, a dificuldade de resposta efetiva via políticas de cunho realista demonstra as limitações desse paradigma também no enfrentamento do problema. Nesse sentido, o objetivo do artigo é repensar como aspectos materiais e intangíveis perpassam o caso em tela, de modo a: permitir a ressignificação do conceito de territorialidade para além dos espaços terrestres, marítimos e aéreos; e refletir sobre a necessidade de incorporação do espaço cibernético (do qual a infraestrutura da Internet faz parte) a tal conceito. Conclui-se que a dificuldade dos modelos teóricos liberais e realistas em lidarem com o problema se deve ao fato de o mesmo elevar a porosidade de pressupostos como territorialidade e soberania a um novo nível – esta última entendida também como a capacidade de controle social dentro de suas fronteiras –, sendo necessária uma nova ressignificação dos pressupostos do que se conceitua como Sistema Internacional.

O artigo se vale de análise documental, de discursos e de revisão bibliográfica para apresentar a correlação da tecnologia 5G com tecnologias disruptivas e seus impactos bélico-econômicos, abordar a importância histórica dos conceitos de território e soberania para o campo das Relações Internacionais e investigar como a existência de uma infraestrutura global para a nova Internet altera esses pressupostos.

***

Paper Mercado de trabalho e a área de Relações Internacionais no Brasil: onde estamos e para onde vamos no século XXI?

AT: Ensino Pesquisa e Extensão 

Data da apresentação: 6/10/22 

Autor: Marcus Tavares  

Coautores: 

Tatiana Teixeira, doutora em Ciência Política (Iesp/Uerj), editora do Opeu 

Augusto Scapini, graduando de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisador bolsista de Iniciação Científica do Opeu (INCT-INEU/PIBIC/CNPq) 

Luísa Azevedo, graduanda de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisadora colaboradora (voluntária) do Opeu, estagiária da EGN 

Vitória Callé, graduanda de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisadora bolsista de Iniciação Científica do Opeu (INCT-INEU/PIBIC/CNPq) 

Vitória Martins, graduanda de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisadora bolsista de Iniciação Científica do Opeu (INCT-INEU/PIBIC/CNPq) 

Resumo: Com base nas diretrizes curriculares do curso de Graduação em Relações Internacionais, o presente trabalho pretende analisar a inserção dos estudantes de Relações Internacionais no mercado de trabalho e a adequação da formação recebida às demandas do setor privado nacional. Afinal, é possível dizer que, nesta nova década, a formação oferecida por alguns dos principais cursos de Graduação em Relações Internacionais do país prepara este recém-graduado profissional para sua carreira? Em caso positivo, o que distingue essa formação? E quais são as lacunas que merecem atenção? Estas são algumas das questões que esta pesquisa ainda exploratória e em curso se propõe a responder.

Esta investigação tem como ponto de partida os levantamentos estatísticos do trabalho “O perfil dos egressos dos cursos de Relações Internacionais no Brasil”, publicado por pelo Ministério da Educação em 2017. Nele, expõe-se uma dificuldade existente, entre os egressos do curso de graduação de Relações Internacionais, de trabalharem na área. O foco na adequação das grades curriculares ao setor privado se deve ao fato de se tratar, conforme a pesquisa supracitada, do que fornece o maior número de postos de trabalho aos egressos deste campo de saber, e apesar de os egressos entrevistados relatarem uma baixa aderência entre a grade cursada e as funções exercidas.

Com base nos dados do estudo supracitado é possível constatar que os graduados em Relações Internacionais no Brasil encontram dificuldades para exercerem sua formação no mercado de trabalho, uma vez que o setor público e o Terceiro Setor são incapazes de absorver a maior parte da mão de obra que as universidades brasileiras formam. Além disso, constata-se uma relativa baixa convergência entre o conhecimento adquirido no Ensino Superior e as atividades e responsabilidades dos postos de trabalho nos quais conseguem se alocar.

Os cursos de Relações Internacionais foram criados e se multiplicaram no país como uma reação a um novo contexto da globalização e seus desafios, estabelecendo-se uma agenda de pesquisa que visava a elucidar, ou minimizar, as incertezas do fenômeno globalizante. Este foi acelerado pelas políticas liberalizantes adotadas a partir da década de 1990, sem, contudo, ofertar uma maior diversificação de suas grades curriculares e atividades acadêmicas em consonância com novas demandas do setor privado. Dado seu caráter exploratório, descritivo e propositivo, esta pesquisa pretende identificar fatores a serem melhorados e oferecer soluções alternativas à realidade presente. Para tanto, o artigo correlaciona o contexto histórico por ocasião da fundação dos cursos de graduação selecionados para esta investigação com as matrizes curriculares.

As matrizes curriculares serão analisadas quanto ao número de componentes curriculares/disciplinas que integralizam o curso, bem como a sua distribuição por área de conhecimento. Da mesma forma, analisa-se a oferta de projetos de extensão aos alunos. Também apresenta-se modelos propositivos para a solução dos problemas abordados no trabalho, usando-se, como ilustração: 1) a efetividade das empresas juniores em proporcionar uma experiência profissional mais próxima à vivenciada no setor privado; e 2) a inserção estudantil em projetos como o Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU), ligado ao INCT-INEU, que possibilita o desenvolvimento das capacidades de pesquisa de maneira diversa do ambiente universitário, assim como de outras capacidades profissionais valorizadas no âmbito privado – entre elas, autonomia, liderança, responsabilidade, criatividade, capacidade analítica, trabalho em equipe, comunicação com o público em geral e adaptabilidade.

***

Pôster Respostas da ONU ao Movimento Black Lives Matter (2020) e aos Protestos de Hong Kong (2019-2020)

Data da apresentação: 6/10/22 

Autores: 

Danilo Faustino, graduando de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisador colaborador (voluntário) do Opeu 

Eduardo Mangueira, graduando de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisador bolsista de Iniciação Científica do Opeu (INCT-INEU/PIBIC/CNPq) 

Resumo: Este trabalho busca investigar, por meio de documentos, pronunciamentos e notícias da ONU, o tratamento das instâncias do organismo dado a dois movimentos sociais: os protestos Black Lives Matter (BLM), de 2020, e os pró-democráticos em Hong Kong, iniciados em 2019, ambos considerados pela organização como voltados para a defesa dos Direitos Humanos. Criado para denunciar a violência policial contra negros nos Estados Unidos, o movimento BLM ganhou espaço na mídia global após a morte de George Floyd, em 2020. Já o início dos protestos de Hong Kong está relacionado com o anúncio do planejamento de leis que permitiriam a extradição de presos para a China continental, ocasionando uma onda de protestos em busca de reformas.

Investigando as abordagens para uma e outra situação, percebe-se uma disparidade no nível de tratamento dos temas na ONU. Busca-se tratar o caso de Hong Kong a partir de discursos voltados para a proteção dos indivíduos, sugerindo responsabilizar o Estado chinês, enquanto no outro acontecimento se procura culpabilizar a estrutura global do racismo, e não diretamente a estadunidense. Adotando uma abordagem ligada ao orientalismo de Edward Said, observa-se, finalmente, que países como os EUA seriam capazes de garantir os direitos humanos, enquanto outros, como a China, precisariam da atuação e/ou intervenção de terceiros.

***

Pôster Relações Bilaterais Brasil-EUA na cooperação internacional na área de Justiça: uma análise comparativa dos quase últimos 20 anos de governo brasileiro na ‘luta anticorrupção’

Data da apresentação: 6/10/22 

Autora: Vitória Martins, graduanda de Relações Internacionais (IRID/UFRJ), pesquisadora bolsista de Iniciação Científica do Opeu (INCT-INEU/PIBIC/CNPq)

Resumo: A corrupção é perpassada pelos interesses políticos e econômicos dos Estados e dos grupos sociais que os integram. Ela também envolve as relações de poder no sistema internacional, submetido à lógica dicotômica “conflito-cooperação” que o envolve. Neste trabalho, analisa-se a cooperação internacional bilateral na área de Justiça entre os dois países, ao longo dos quase últimos 20 anos.

A partir da investigação sistemática de notícias e de documentos oficiais de ambos os Estados, esta pesquisa, ainda em curso, busca demonstrar como estas relações bilaterais no período supracitado foram construídas por meio de discursos que dependem da intersubjetividade e dos interesses particulares de cada agente internacional envolvido. E, também, como essa interdependência e cooperação entre os Estados nunca é politicamente neutra e, nem sempre, benéfica para ambos.

***

Workshop de pesquisa Novas tecnologias e os desafios da governança internacional

Autor: Marcus Tavares 

AT: Instituições e regimes internacionais 

Data da apresentação: 5/10/22

 

* Tatiana Teixeira é editora do OPEU e professora colaboradora do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (IRID/UFRJ).

** Sobre o OPEU, ou para contribuir com artigos, entrar em contato com a editora Tatiana Teixeira, no e-mailtatianat19@hotmail.com. Sobre as nossas Newsletters, para atendimento à imprensa, ou outros assuntos, entrar em contato com Tatiana Carlotti, no e-mailtcarlotti@gmail.com.

 

Assine nossa Newsletter e receba o conteúdo do OPEU por e-mail.

Siga o OPEU no InstagramTwitterFlipboardLinkedin e Facebook e acompanhe nossas postagens diárias.

Comente, compartilhe, envie sugestões, faça parte da nossa comunidade.

Somos um observatório de pesquisa sobre os EUA, com conteúdo semanal e gratuito, sem fins lucrativos.

 

 

 

 

Realização:
Apoio:

Conheça o projeto OPEU

O OPEU é um portal de notícias e um banco de dados dedicado ao acompanhamento da política doméstica e internacional dos EUA.

Ler mais