Resumo da Semana

EUA e o Resumo da Semana (de 11 a 17 jul. 2021)

Viatura policial virada em manifestação contra o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em Havana, em 11 jul. 2021 (Crédito: AFP via GETTY IMAGES)

Por Equipe OPEU*

Economia e Finanças

No dia 11, o presidente do FED (o Banco Central dos EUA), Jerome Powell, reuniu-se com o CEO da Coinbase Global Inc., Brian Armstrong, para tratar da possibilidade de desenvolvimento de uma criptomoeda própria. Ainda nesta reunião esteve presente Paul Ryan (R-WI), ex-presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Enquanto as pesquisas são realizadas, Powell garantiu que não haverá qualquer movimentação sem aprovação do Congresso. Integrantes do FED ainda se mantêm céticos em relação ao projeto.

No dia 14, o Senado aprovou uma medida que proíbe a importação de produtos da região chinesa de Xinjiang, como forma de resposta a supostas violações de direitos humanos contra a minoria muçulmana uigur. Para se tornar lei, a chamada Uyghur Forced Labor Prevention Act ainda precisa passar pela Câmara. Se aprovada, a lei demandará que os exportadores da região comprovem que seus produtos não foram fruto de trabalho forçado.

Migração

No dia 12, os vistos de 100 funcionários do governo nicaraguense foram congelados pelos Estados Unidos. Dentre eles, havia membros da Assembleia Nacional, promotores, juízes e alguns dos familiares do presidente Daniel Ortega. Em seu pronunciamento, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, justificou a decisão como parte dos esforços em apoiar a democracia na Nicarágua, já que os funcionários foram acusados de contribuir para a prisão de 26 dissidentes políticos, assim como para a aprovação de leis repressivas.

Em meio à crise política em Cuba e no Haiti, o secretário americano de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, afirmou, no dia 13, que cubanos e haitianos não deveriam tentar imigrar para os Estados Unidos. De família de imigrantes cubanos, Mayorkas alertou que os órgãos de segurança estão monitorando a migração marítima em condição irregular e, portanto, “Qualquer migrante interceptado no mar, independentemente de sua nacionalidade, não terá permissão para entrar nos Estados Unidos”. O secretário disse ainda que o governo Biden vai avaliar a criação de programas que ajudariam cubanos e haitianos a migrar. Em sua campanha, o democrata prometeu restabelecer o programa de reunificação familiar para migrantes cubanos, mas, em seis meses de mandato, ainda não o fez.

U.S. will not give refuge to those fleeing Cuba and Haiti by boat

Mayorkas: “Deixem-me ser claro: se for pelo mar, vocês não virão para os Estados Unidos” (Crédito: Chip Somodevilla/Getty Images)

Após a decisão de retirada total das tropas do Afeganistão, o governo Biden anunciou, no dia 14, o lançamento da Operation Allies Refuge, com o objetivo de realocar afegãos que trabalharam para os Estados Unidos durante os 20 anos de campanha militar. Dentre as possibilidades, o governo estadunidense está considerando oferecer a realocação temporária em outros países, ou em instalações militares americanas no exterior, enquanto aguardam o processo do visto. Os voos para os afegãos que solicitaram o visto devem começar na última semana de julho.

Sociedade

No dia 12, o fundo de compensação para vítimas de esterilização forçada foi aprovado como parte do orçamento assinado pelo governador da Califórnia, o democrata Gavin Newsom. A legislação elaborada por anos procura fornecer uma compensação financeira a sobreviventes da esterilização forçada promovida pelo estado entre 1909 e 1979, assim como esterilizações forçadas realizadas em prisões após essa data.

Dois meses após a aprovação de uma lei que restringe o aborto no Texas, mais de 20 clínicas e centros de saúde moveram, no dia 13, uma ação judicial contra diversas autoridades locais com o objetivo de barrar a efetivação da lei em setembro. A Heartbeat Bill, como ficou conhecida, limita a realização do aborto ao período de duas semanas após um ciclo menstrual perdido, quando muitas ainda não sabem da gravidez. De acordo com dados da Whole Woman’s Health Alliance, cerca de 85% dos abortos realizados no Texas são feitos ao menos com seis semanas de gravidez.

Diante do avanço de legislações que restringem o acesso ao voto em diversos estados americanos, um grupo de mulheres negras ativistas e de aliados protestou, no dia 15, no Capitólio, em Washington, D.C. Pelo menos nove manifestantes foram detidas, incluindo a congressista Joyce Beatty (D-OH), presidente do Congressional Black Caucus (CBC). Em um pronunciamento, Beatty afirmou: “Hoje, permaneci em solidariedade com mulheres negras em todo país em defesa do nosso direito constitucional de votar. Nós chegamos muito longe e lutamos muito para ver tudo sistematicamente desmantelado e restringido por aqueles que desejam silenciar a nossa voz”.

By Thwarting Voting Overhaul, Texas Dems Allow Special Agenda to Expire | The Well News | Pragmatic, Governance, Fiscally Responsible, News & Analysis

Manifestantes em defesa dos direitos de voto protestam do lado de fora do Capitólio do Texas, em Austin, em 13 jul. 2021 (Crédito: Eric Gay/AP)

Na esteira da 47a sessão do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, encerrada no dia 17, o Departamento de Estado americano anunciou um convite a especialistas da ONU em racismo e direitos humanos para reportarem informações sobre raça e discriminação no país. A iniciativa é uma das formas de retomar o engajamento com o CDH, após Donald Trump retirar os Estados Unidos do conselho em 2018.

De acordo com novo livro de repórteres do jornal The Washington Post, o mais alto líder militar dos Estados Unidos, general Mark A. Milley, equiparou a retórica de Trump sobre o processo eleitoral e suas possíveis tentativas para se manter no poder a um “momento Reichstag”, fazendo referência ao ataque de Hitler ao Parlamento alemão como pretexto para estabelecer a ditadura nazista.

Oriente Médio

A CIA enfrenta novo desafio no Afeganistão. Com a retirada das tropas estadunidenses e os avanços dos talibãs em partes do território, a Agência Central de Inteligência americana tenta traçar planos para manter o monitoramento e o fluxo de informações de forma segura. Em abril, o diretor William Burns enfatizou que a CIA assume este desafio e continuará a manter uma série de recursos no Afeganistão, mesmo que a habilidade de ação e de coleta de informações nessas circunstâncias seja mais difícil e perigosa.

E o ex-presidente George W. Bush comentou as retiradas das forças militares no Afeganistão. Responsável pelo envio das tropas em 2001, como parte do que ficou conhecido como “Guerra Global ao Terror”, após os atentados de 11 de setembro de 2001, Bush deu uma entrevista ao veículo alemão Deutsche Welle. Para o ex-presidente, as consequências serão “muito ruins”, e o povo afegão será deixado para trás, nas mãos de pessoas “muito cruéis”. Joe Biden defendeu a retirada, alegando que os EUA atingiram seus objetivos no Afeganistão: alcançar “os terroristas que nos atacaram no 11/9 e fazer justiça com Osama Bin Laden e degradar a ameaça terrorista”. O atual presidente reconheceu os limites da ação americana, ao declarar que nation-building não fez parte das motivações para a intervenção.

América Latina

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Cuba, algo não visto em aproximadamente 30 anos, para protestar pela diminuição de alimentos e de medicamentos na ilha caribenha. A crise econômica e sanitária no país, devido à gestão do presidente Miguel Díaz-Canel da pandemia da covid-19, e a queda de 11% no Produto Interno Bruto (PIB) cubano, levaram os cidadãos da ilha a protestarem contra o governo. O aumento de casos de coronavírus também colaborou para a deflagração dos protestos.

Em meio a um contexto que agrava ainda mais a situação de um país sufocado por duras sanções econômicas, o embargo dos EUA contra Cuba foi denunciado pelo presidente cubano. Apesar de ainda não ter definido uma política estadunidense para Cuba, o presidente Joe Biden se pronunciou sobre os protestos que ocorreram na ilha. A Casa Branca não demonstrou, porém, qualquer indicação de que pretende suspender o embargo.

Em declaração oficial no dia 12, Joe Biden disse que as demandas cubanas por liberdade devem ser ouvidas e atendidas, colocando-se ao lado do povo cubano. O “autoritarismo” do governo cubano foi denunciado pelo presidente estadunidense.

Em seu Twitter, o ex-ministro Nelson Barbosa recomenda leitura de análise mais complexa do que a dualidade embargo estadunidense vs. Comunismo, comum às narrativas em confronto quando o assunto é Cuba. Em uma economia ainda extremamente centralizada e de baixa produtividade agrícola, houve a conjunção de três crises e erros políticos: 1) o colapso da Venezuela (reduzindo acesso a petróleo subsidiado); 2) o fim do sistema monetário dual; e 3) a covid-19. Esses fatores se articularam, gerando grande escassez de divisas, fundamentais para as importações em geral e – mais grave – de alimentos.

Relações Transatlânticas

No dia 15, a chanceler alemã, Angela Merkel, e Joe Biden se reuniram em encontro bilateral. Em pronunciamento público na Casa Branca, os dois chefes de governo expuseram suas perspectivas acerca de alguns temas. Biden enfatizou os laços entre as democracias e alertou para violações dos Direitos Humanos por parte da China. Merkel evidenciou, porém, uma postura mais aberta em relação à cooperação com o governo chinês. Também foram objeto de diálogo: o fim da presença militar no Afeganistão, as divergências sobre a construção do gasoduto Nord Stream 2 (e a influência russa associada ao projeto); o lançamento do “Futures Forum” e seu papel em um futuro compartilhado entre Alemanha e EUA; e a normalização das viagens para os EUA, tendo em vista proibições em função da pandemia.

 

Primeira revisão: Rafael Seabra. Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.

Assessora de Imprensa do OPEU e do INCT-INEU, editora das Newsletters OPEU e Diálogos INEU e editora de conteúdo audiovisual: Tatiana Carlotti. Contato: tcarlotti@gmail.com.

 

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