Marinha dos EUA propõe grande demonstração de força em alerta à China

por Barbara Starr

Traduzido da CNN*

 

A Frota do Pacífico da Marinha americana elaborou uma proposta secreta para realizar uma demonstração global de força como um alerta à China e para mostrar que os Estados Unidos estão preparados para deter e combater suas ações militares, segundo várias autoridades de defesa americanas.

O rascunho da proposta da Marinha recomenda que a Frota do Pacífico dos Estados Unidos realize uma série de operações em uma única semana em novembro.

O objetivo é realizar um conjunto de exercícios altamente focados e concentrados envolvendo navios de guerra americanos, aviões de combate e tropas para mostrar que os Estados Unidos podem combater adversários em potencial rapidamente em várias frentes.

O plano sugere navios e aviões perto das águas territoriais da China no Mar da China Meridional e no Estreito de Taiwan, em liberdade para operações de navegação, para demonstrar o direito de passagem livre em águas internacionais. A proposta significa que os navios e aeronaves dos Estados Unidos operariam próximo às forças chinesas.

As autoridades de defesa enfatizaram que não há intenção de entrar em combate com os chineses.

Ao passo em que os militares americanos realizam esse tipo de operações ao longo do ano, a proposta que está circulando demanda que várias missões ocorram em apenas alguns dias.

Enquanto um funcionário descreveu o plano como “apenas uma ideia”, já existe um nome operacional confidencial anexado à proposta circulando em vários níveis das Forças Armadas. Funcionários não confirmam o nome da operação em potencial.

Autoridades dos Estados Unidos reconhecem que a China, muitas vezes, vê essas missões como provocações. Eles também admitem que a comunidade de inteligência teria que se preocupar com as reações da China.

O Pentágono se recusou a reconhecer ou comentar a proposta. “Como o secretário de Defesa disse em inúmeras ocasiões, não comentamos sobre operações futuras de qualquer tipo”, disse o tenente-coronel David Eastburn, porta-voz do Pentágono.

A Frota do Pacífico dos Estados Unidos também se recusou a comentar.

A notícia da proposta da Marinha americana vem poucos dias depois do que o Pentágono chamou de encontro “inseguro” entre os destróieres americanos e chineses no Mar do Sul da China.

A Marinha dos Estados Unidos disse que o destróier chinês, Lanzhou, ficou a 45 metros do USS Decatur, enquanto o navio americano estava em operação de “liberdade de navegação” perto de ilhas chinesas.

Os destróieres de 8.000 toneladas poderiam ter ficado a segundos de colidir, disse Carl Schuster, ex-oficial da Marinha americana que passou 12 anos no mar.

O encontro dos navios foi o ápice de semanas de intensas tensões entre Pequim e Washington.

No final da semana passada, o secretário de Defesa, James Mattis, desistiu de uma visita planejada a Pequim em outubro, disseram dois funcionários dos Estados Unidos à CNN.

Mattis planejou, originalmente, visitar a capital da China para se encontrar com altos funcionários chineses a fim de discutir questões de segurança. O cancelamento de última hora da viagem não anunciada não foi confirmado publicamente pelo Pentágono.

No início da semana, o governo chinês cancelou uma visita a Hong Kong pelo USS Wasp, um navio de assalto anfíbio da Marinha americana.

Após o cancelamento, a Marinha dos Estados Unidos divulgou uma série de fotos mostrando tropas a bordo do USS Wasp, de 40.000 toneladas, participando de um exercício de tiro no Mar da China Meridional.

Também na semana passada, os Estados Unidos levaram bombardeiros B-52 sobre o Mar do Sul da China e o Mar da China Oriental.

No início de setembro, Washington impôs sanções contra os militares chineses por causa da compra de armas da Rússia, incluindo caças Su-35 e sistemas de mísseis terra-ar S-400.

Enquanto isso, na frente econômica, os governos dos Estados Unidos e da China têm imposto tarifas sobre um número cada vez maior de exportações de cada país.

Em uma entrevista coletiva na semana passada, o presidente Donald Trump disse que sua amizade, muitas vezes mencionada, com o líder chinês Xi Jinping pode ter chegado ao fim.

“Ele pode não ser mais meu amigo. Mas acho que ele provavelmente me respeita”, disse Trump.

Embora a proposta para os exercícios de uma semana seja conduzida pelos militares, a realização em novembro, quando as eleições de meio de mandato dos Estados Unidos estarão acontecendo, pode ter implicações políticas para o governo Trump se as tropas americanas forem desafiadas pela China.

A proposta agora se concentra em uma série de operações no Pacífico, perto da China, mas elas podem se estender até a costa oeste da América do Sul, onde a China está aumentando seus investimentos. Se a proposta inicial for aprovada, as missões poderão ser expandidas para o território russo.

O secretário da Defesa James Mattis e o general Joseph Dunford, chefe do Estado-Maior, levarão em conta as implicações diplomáticas de cada missão, disseram autoridades. Eles também terão que considerar o risco de mover forças subitamente para novas áreas, longe das planejadas inicialmente, e se áreas de ameaça potencial estão sendo deixadas a descoberto pelos militares, especialmente no Oriente Médio. Neste momento, a proposta ainda está sendo considerada. O plano surgiu a partir da Estratégia Nacional de Defesa do Pentágono, que incide sobre o crescente desafio militar colocado pelos militares chineses e russos. Mattis exortou os comandantes dos Estados Unidos a encontrar maneiras inovadoras e surpreendentes para desdobrar forças. Atualmente, o porta-aviões USS Harry S. Truman está dando o passo inesperado de operar no Mar do Norte – enviando um sinal à Rússia de que as forças militares dos Estados Unidos podem estender seu alcance a essa área.

 

Tradução por Solange Reis

*Artigo originalmente publicado em 04/10/2018, em https://edition.cnn.com/2018/10/03/politics/us-navy-show-of-force-china/index.html

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