China e Rússia

Pesquisadores do OPEU e do INCT-INEU participam de obra internacional sobre a China

(Arquivo) Presidente chinês, Xi Jinping, na Cúpula do G20, em Hamburgo, em 7 jul. 2017 (Crédito: Kremlin.ru. Fonte: Wikimedia Commons)

Por Tatiana Teixeira, com informações do site institucional* [Divulgação] [Lançamento de livro]  [China]

Acaba de ser lançado, pela Palgrave Macmillan Singapore, o livro China’s Globalisation and the New World Order, organizado por Najimdeen Bakare e Adam Saudpela. Dos 17 capítulos, dois são de autoria de pesquisadores do Observatório Político dos Estados Unidos (OPEU) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU).  

A obra é resultado de painéis realizados no 27º Congresso Mundial de International Political Science Association (IPSA), que aconteceu em Buenos Aires, Argentina, de 15 a 19 de julho de 2023. De acordo com o site da instituição, tratou-se do maior evento dessa natureza já realizado pela IPSA. Foram 3.094 participantes inscritos de 122 países, distribuídos por cerca de 80 sessões, totalizando 2.829 papers, 647 painéis (568 presenciais e 77 na modalidade remota), quatro sessões plenárias, 12 sessões especiais e quatro de premiação.  

Pesquisadores do OPEU participam do Congresso Mundial da IPSA

Saiba mais sobre a participação do OPEU neste evento 

Conforme resumo adaptado e traduzido da versão disponível no site da editora, 

Afastando-se das representações jornalísticas do discurso, este livro se aprofunda nos vários contornos que caracterizam a recente globalização do desenvolvimento de infraestrutura da China. Ele analisa como essa ‘forma de globalização’ modifica nossa compreensão do desenvolvimento, alterando sua construção, abrindo caminho para o surgimento de uma ordem global criada à imagem da própria China. O livro também esclarece como a crescente influência chinesa não deve ser considerada um fenômeno novo, mas sim uma reconstrução do passado e uma continuação da tradição de grande potência, muitas vezes voltada para o estabelecimento de um nicho geoestratégico, geopolítico e geoeconômico. Isso significa uma mudança mais ampla na estrutura do sistema internacional global. Como parte da tradição da grande potência, a proteção e o posicionamento estratégicos da China transcendem não apenas as manifestações materiais ou concretas, mas também abrangem a proteção e o posicionamento epistêmicos. A primeira seção do livro examina as perspectivas internacionais sobre as mudanças na dinâmica da ordem global por meio das lentes das contribuições epistêmicas da China para a formação de uma nova ordem mundial ou de uma ordem mundial multipolar. Nela, explora-se a rivalidade entre a China e as potências euro-americanas existentes e as abordagens alternativas empregadas pela China para se afirmar. O livro também dedica ampla atenção às implicações decorrentes dessa dinâmica emergente. A outra seção do livro se aprofunda nas reflexões dos atores regionais sobre o novo papel da China em uma ordem mundial em transformação. Aqui, abordam-se as perspectivas e os desafios do expansionismo econômico da China e os efeitos catalisadores da globalização da infraestrutura chinesa dentro e fora das regiões próximas à China.

Na obra, os pesquisadores do OPEU Tatiana Teixeira e Lucas Amorim, e nossos agora ex-membros Eduardo Mangueira e Laryssa Barbosa, colaboram com o capítulo 4, intitulado “China and South America: Think Tanks as a Tool of Soft Power?”. O resumo traduzido segue abaixo: 

Até o final do século passado, os think tanks chineses eram pouco conhecidos e estudados. Hoje, temos um cenário bem diferente. A China não apenas tem mais institutos atuando e se apresentando como think tanks, como também podemos ver um crescimento constante de parcerias com institutos de pesquisa de política externa. Esse seria o caso da América do Sul? Os think tanks chineses estão servindo como uma ferramenta de soft power do governo Xi Jinping para estreitar os laços com a região? Esses institutos são promovidos pelo governo chinês ou têm conexões com ele? Para responder a essas e outras perguntas, este capítulo propõe mapear alguns dos principais institutos de políticas chineses envolvidos no diálogo China-América do Sul e identificar seus especialistas de maior prestígio e suas agendas para a região. Devido à sua relevância política e visibilidade, as instituições consideradas para essa análise exploratória foram a Chinese Academy of Social Sciences (CASS), o China Institute of International Studies (CIIS) e o China Institute of Contemporary International Relations (CICIR). O recorte temporal vai de 2013, início do primeiro mandato da administração do Sr. Xi, até 2022. Este capítulo se baseia na literatura interdisciplinar sobre think tanks e em conceitos como comunidade epistêmica. Conseguimos mostrar que os think tanks chineses foram bem-sucedidos em se apropriar e emular um tipo de instituição conhecida por ser de origem anglo-saxônica. Entretanto, ao contrário de suas contrapartes ocidentais, que derivam sua legitimidade da narrativa de serem supostamente independentes do governo, dos doadores e de outros atores políticos, os think tanks chineses ainda são definidos, principalmente, por sua conexão com várias instituições estatais. Por fim, embora seja possível identificar ações importantes relacionadas à América do Sul, a sub-região parece ser pouco explorada nas iniciativas de diplomacia pública e cooperação acadêmica dos think tanks chineses. Até o momento, eles mostram sinais de estarem mais interessados na América Latina em geral, ou nos países sul-americanos individualmente – sobretudo, no Brasil –, e não como um todo. 

Já a pesquisadora do INCT-INEU Edna Aparecida da Silva é responsável pelo capítulo 11, intitulado “CFIUS Tailored to the US-China Strategic Rivalry: Investment Screening and Regulatory Convergence in the Shadow of the Liberal International Order”, cujo resumo traduzido dispomos a seguir: 

Este capítulo examina as mudanças na trajetória do Comitê de Investimento Estrangeiro nos Estados Unidos (CFIUS) no contexto da rivalidade estratégica entre os EUA e a China e sua relevância para a economia política internacional do investimento, considerando as relações entre a política nacional e internacional. Por meio de suas regulamentações de segurança nacional sobre investimento estrangeiro e das atividades internacionais do CFIUS, os EUA pressionaram parceiros e aliados, em uma dinâmica de sanções e concessões, a adotar as regulamentações domésticas e os procedimentos de triagem de investimento dos EUA, produzindo, assim, um processo de convergência regulatória, parte de sua estratégia global para conter o investimento estrangeiro chinês em setores estratégicos. Essas convergências foram implementadas antes dos acordos de transferência de tecnologia, como o AUKUS (entre Austrália, Reino Unido e Estados Unidos), bem como da Declaração do Atlântico, uma nova cooperação entre os EUA e o Reino Unido. Assim, os EUA expandiram o alcance extraterritorial de suas normas e instituições, indicando um processo contínuo de estabelecimento de um regime internacional de segurança de investimentos baseado na convergência de políticas domésticas. Esse regime, legitimado como política doméstica e baseado em exceções para a segurança nacional e interesses essenciais, está fora do escopo das negociações multilaterais e da governança global, à sombra da ordem liberal. Com base em leis, acordos, declarações oficiais de países e bancos de dados e relatórios da UNCTAD e da OCDE, o capítulo apresenta evidências dessas transformações do CFIUS de uma instituição nacional para uma instituição internacional, atuando tanto como ator político quanto como modelo de política nacional e convergência regulatória, e avalia sua importância para a economia política internacional de investimentos.

*** 

Sumário do livro 

Dynamics of World Order and System 

Introduction: Dynamics of World Order and System: China and the Reigning Regime, por Najimdeen Bakare e Adam Saud 

Between Need Makers and Service Providers: China’s Globalization of Infrastructural Development and Emerging Global Order, por Najimdeen Bakare 

(De)coding China’s Foreign Policy Praxis: An Epistemic Inquiry, por Azka Durrani 

China and South America: Think Tanks as a Tool of Soft Power?, por Tatiana Teixeira, Lucas S. Amorim, Eduardo A. Mangueira e Laryssa Barbosa 

Towards Re-Globalisation of World in Chinese Image 

China’s Going Global: A Comparative Analysis of US and China’s Approaches Toward Global Governance, por Tatheer Z. Sherazi 

Dragon’s Ascend: China’s Forging Institutional Resilience in Globalized Landscape, por Samra Naz 

China’s Economic Development: The Prospects and Attendant Challenges, por Xiaolian Shi, Sheng Jiang 

China’s Economic Expansion: Soft Power Play Through SEZs, BRI, and BRICS, por Tayyaba Razzaq 

Chinese Influence on the Development Process of the Recipients: Comparative Analyses of Cambodia and Angola, por Juichi Inada 

China’s Global Projection: Reaction, Rejection and Objection 

Sino-US Competition in the South China Sea: A Paradigmatic Case of Offensive Realism vs. International Law, por Mubashra Shaheen 

CFIUS Tailored to the US-China Strategic Rivalry: Investment Screening and Regulatory Convergence in the Shadow of the Liberal International Order, por Edna Aparecida da Silva 

US Withdrawal from JCPOA and Its Effect on China’s Hegemonic Aspirations, por Jerry P. Concha 

China as a Systemic Rival to the EU: Unveiling Its Alternative Model Promotion in the Western Balkans, por Dealan Riga 

How China Sees Itself and How it is Seen 

Making Sense of the Role and Place of Chinese Nuclear Weapons in the Sino-US Competition, por Rizwan Zeb 

Will China Turn Out to Be Pakistan’s East India Company? Assessing Strategic and Deterrent Factors, por M. Azam 

Green Development in the Global South: A Critical Analysis on China’s Approach, por Mario A. Santos 

Conclusion, por Najimdeen Bakare e Adam Saud 

*** 

Sobre os organizadores 

Bakare Najimdeen is professor associado do Departamento de Relações Internacionais e Estudos Estratégicos, da Faculdade de Artes e Ciências Sociais, na Universiti Malaya (UM), Kuala Lumpur, Malásia. 

Adam Saud é, no momento, decano da Faculdade de Humanidades e Ciências So ciais, da Bahria University Pakistan. Tem mestrado em Ciência Política, e doutorado, em Relações Internacionais. 

Book coverSobre o livro 

Título: China’s Globalisation and the New World Order 

Organizadores: Najimdeen Bakare e Adam Saud 

DOI: https://doi.org/10.1007/978-981-96-3716-4 

Editora: Palgrave Macmillan Singapore 

eBook ISBN: 978-981-96-3716-4, lançado em 16 de maio de 2025 

Hardcover ISBN: 978-981-96-3715-7, lançamento previsto para 17 jun. 2025 

Softcover ISBN: 978-981-96-3718-8, lançamento previsto para 17 jun. 2026 

Número de páginas: XIX, 418 

 

* Tatiana Teixeira é editora-chefe do OPEU.

** Sobre o OPEU, ou para contribuir com artigos, entrar em contato com a editora do OPEU, Tatiana Teixeira, no e-mailprofessoratatianateixeira@outlook.com. Sobre as nossas newsletters, para atendimento à imprensa, ou outros assuntos, entrar em contato com Tatiana Carlotti, no e-mailtcarlotti@gmail.com.

 

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