Resumo da Semana

EUA e o Resumo da Semana (de 31 jan. a 6 fev. 2021)

Secretário americano da Defesa, Lloyd J. Austin III, recebe o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, no Pentágono, em Washington, D.C., em 31 jan. 2022 (Crédito: Lisa Ferdinando, DOD)

Resumo da Semana OPEU n12 Jan_Fev 2022 (versão sem imagens)

Por Equipe OPEU

América Latina, por Vitória de Oliveira Callé

No dia 30, o Itamaraty informou em suas redes que o ministro Carlos França recebeu um telefonema do secretário de Estado estadunidense, Antony Blinken. Ambos já haviam conversado no início do mês (10/1) e, novamente, o assunto destacado foi a visita do presidente Jair Bolsonaro à Rússia e o posicionamento brasileiro frente à crise na Ucrânia. O Itamaraty afirma que os dois ministros concordaram em que deve haver uma solução diplomática para a situação na Ucrânia e que o Conselho de Segurança da ONU é importante para isto. Ademais, trataram também sobre o apoio dos EUA à adesão do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No plano bilateral, a parte brasileira reafirmou o interesse na realização do Foro de CEOS Brasil-Estados Unidos (CEO Forum) o quanto antes.

Blinken liga para chanceler de Bolsonaro e cobra posição do Brasil contra a Rússia - Brasil 247Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o chanceler brasileiro, Carlos França (Crédito: Reuters e ABr)

O encontro de Bolsonaro com Putin está previsto para a segunda semana de fevereiro. Cabe lembrar que, quando o Conselho de Segurança da ONU se reuniu para debater a situação na Ucrânia (31/1), o Brasil – que assumiu a cadeira de membro rotativo em janeiro deste ano – posicionou-se a favor da moção dos EUA para discutir a situação no Conselho. Em discurso, o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, reiterou as diretrizes tradicionais da diplomacia brasileira: “A proibição do uso da força, a resolução pacífica de disputas e os princípios de soberania, integridade territorial e proteção dos direitos humanos são pilares do nosso sistema de segurança coletiva”.

Na quinta-feira (3), quando questionado sobre a polêmica viagem à Rússia marcada em meio a esta crise e sobre as pressões estadunidenses para seu cancelamento, Bolsonaro indicou que a visita será mantida e que: “Brasil é Brasil, Rússia é Rússia. Faço relacionamento com o mundo todo. Assim como se Joe Biden me convidar, estarei nos EUA com o maior prazer”.

Na terça-feira (1º/2), o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS, na sigla em inglês) confirmou, por meio de um comunicado à BBC Mundo, que passará a deportar “de maneira regular”, para a Colômbia, venezuelanos que previamente residiram nesse país. O procedimento será realizado por meio das operações da Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês). O DHS informou que as deportações se dão com base na política Título 42, reativada por Donald Trump em meio à pandemia da covid-19 e mantida por Biden. Esta proíbe a entrada de indivíduos nos EUA, com o intuito de “impedir a introdução, transmissão, ou propagação de doenças transmissíveis de países estrangeiros para os Estados Unidos”.

Defesa e segurança, por Maria Manuela de Sá Bittencourt

Na segunda-feira (31), o secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, e o emir do Catar, xeque Tamim bin Hamad Al Thani, reuniram-se no Pentágono. Esse encontro teve como objetivo anunciado buscar uma melhor cooperação entre os países na promoção de segurança e prosperidade no Golfo Pérsico e no grande Oriente Médio. “A parceria de defesa dos EUA com o Catar é forte e serve como uma pedra angular para nosso relacionamento estratégico”, disse Austin no início da reunião. Ainda sobre esse tema, o presidente Joe Biden indicou que tem planos para indicar o Catar como um “grande aliado extra-OTAN”. Para o secretário de Imprensa do Pentágono, John Kirby, essa designação mudará a forma como os Estados Unidos e seus militares interagem em relação ao Catar.

Na quarta (2), os Estados Unidos irão deslocar aproximadamente 3.000 militares para Romênia, Polônia e Alemanha. O movimento se dá em resposta ao contínuo acúmulo de forças russas na fronteira ocidental com Ucrânia e Belarus. De acordo com o secretário de Imprensa do Pentágono, essa medida demonstra o compromisso americano com a defesa dos aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). “A situação atual exige que reforcemos a postura dissuasiva e defensiva no flanco leste da OTAN”, disse Kirby. Além disso, ele ressaltou que estes destacamentos são temporários, prudentes e feitos em consulta com os aliados europeus. Salientou, ainda, que essas forças não vão lutar na Ucrânia. “Eles vão garantir a defesa robusta dos nossos aliados da OTAN”, afirmou. Essas medidas são adicionais às ordens de preparação do secretário Lloyd Austin, para 8.500 militares no mês passado.

Economia e Finanças, por Ingrid Marra e Marcus Tavares

Na segunda-feira (31), a Casa Branca publicou um guia de 465 páginas, no qual explica os critérios de distribuição dos fundos do pacote de infraestrutura para as comunidades, junto com um arquivo de dados destinado a permitir que os candidatos aprendam rapidamente sobre os programas disponíveis, pesquisando por nome, valor do financiamento, área geográfica, agência e outros campos. Em todo país, os municípios estão se preparando para disputar os bilhões de dólares que serão distribuídos pelo Departamento de Transportes, pela Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) e por outras partes do governo federal. O dinheiro supera os gastos federais anteriores em infraestrutura e representa uma oportunidade única para cidades, condados e estados disputarem influência na capital do país, após anos de busca por recursos para este fim.

Ao contrário das ondas anteriores da pandemia do coronavírus, quando as empresas optaram por parar rapidamente as operações e demitir funcionários, muitas agora estão se esforçando mais para mantê-los. A dificuldade de realizar novas contratações e a busca por melhores salários por parte dos trabalhadores têm feito as empresas buscarem reter seus empregados, em vez de liberá-los, ou demiti-los. Mesmo sob os efeitos da contagiosa variante ômicron, isso acabou resultando na criação de 467.000 empregos em janeiro de 2022, com grande parte desses ganhos concentrados em hotéis, restaurantes, varejo e outros serviços.

Meio Ambiente e Energia, por Lucas Amorim

O jornal The New York Times reporta o esforço logístico para a recepção de importações de gás natural liquefeito no porto de Roterdã, na Holanda, porta de entrada para o mercado europeu, ávido por energia. O terminal de gás do porto, que no ano passado utilizava apenas 5% da capacidade, hoje opera a 100%. As importações de gás foram impulsionadas pela inflação nos preços europeus de energia e pela crise ucraniana. Apesar de parte dessa demanda ser suprida pelo que o jornal denomina “potências energéticas médias”, como o Egito, a maior parte das importações se origina dos Estados Unidos. Recentemente, o país superou a Rússia como maior fornecedor de gás natural para a Europa. Os americanos se tornaram um dos maiores exportadores globais da commodity, competindo com tradicionais exportadores, como Austrália e Catar, graças à descoberta de importantes reservas domésticas de xisto.

lngvessels - Twitter Search / TwitterO Terminal Gate do Porto de Roterdã é a porta de entrada para as importações europeias de gás natural liquefeito, principalmente dos EUA (Crédito: Assessoria do Terminal Gate)

Oriente Médio, por Luísa Azevedo

Na segunda-feira (31/1), o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, esteve em Washington, D.C.. O líder foi o primeiro representante do Golfo Pérsico a visitar Joe Biden, sinalizando um maior estreitamento dos laços com o país, que se tornou um importante player regional aliado dos Estados Unidos. A parceria estratégica entre ambos os países comemora seu 50º aniversário. No encontro, o presidente Biden anunciou a pretensão de designar o Catar como um grande aliado extra-OTAN. Já o porta-voz Ned Price destacou, em conferência do Departamento de Estado americano, a atuação do país na retirada de mais de 60 mil pessoas do Afeganistão e na Coalizão para a Derrota do ISIS (sigla para Estado Islâmico, em inglês) e a assinatura de um acordo de mais de US$ 20 bilhões entre a gigante americana Boeing e a companhia aérea Qatar Airways.

Em 1º de fevereiro, o programa de recompensas antiterroristas do Serviço de Segurança Diplomática do Departamento de Estado americano anunciou a oferta de recompensa no valor de US$ 10 milhões por informações de atores cibernéticos iranianos acusados de interferência na eleição presidencial, em novembro de 2020. A infraestrutura hacker comandada por Seyyed Mohammad Hosein Musa Kazemi e por Sajjad Kashian conduzia campanha de intimidação de eleitores e interferência em mídias sociais. Ambos respondem por crimes federais e enfrentam sanções individuais.

Na quinta (3/2), a operação militar autorizada pelo presidente Biden no noroeste da Síria resultou na morte do líder do Estado Islâmico, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Quaray. A ação militar foi planejada durante meses no âmbito da Coalizão Global para a Derrota do ISIS. Após a confirmação da morte do líder, o presidente americano disse que “a operação é um testemunho da capacidade e do alcance americano para acabar com as ameaças terroristas”. Para o Departamento de Estado, tratou-se de uma “significativa vitória na luta global de rompimento e desmantelamento da organização jihadista”.

Leia tambémartigo do site The Conversation sobre as consequências da morte do principal líder do Estado Islâmico.

No domingo (6/2), o primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, e o presidente Biden conversaram para discutir os problemas de segurança na região do Oriente Médio. Os líderes falaram sobre a recente operação americana no noroeste da Síria, assim como do potencial de uma agressão russa contra a Ucrânia. Reafirmando a parceria entre os dois países, o presidente americano transmitiu seu apoio à segurança e à liberdade de ação de Israel na reposição do sistema antimísseis Domo de Ferro.

Biden to Bennett: US prefers diplomacy with Iran, but we'll ensure they never get the bomb | The Times of Israel(Arquivo) Premiê israelense, Naftali Bennett (à esq.), e o presidente Joe Biden, na Casa Branca, em Washington, D.C., em 27 ago. 2021 (Crédito: GPO)

Política Doméstica, por Augusto Scapini

Em relação às eleições de meio-mandato, ou midterms, de 2022, uma reportagem publicada pelo jornal The New York Times, em 2 de fevereiro, aponta que os sete republicanos que votaram a favor do impeachment do ex-presidente Donald Trump em 2021 arrecadaram mais dinheiro para suas campanhas de reeleição do que seus oponentes (que foram endossados por Trump), apesar de terem perdido o apoio do partido. Alguns deles são os representantes (deputados) Liz Cheney (R-WY), Fred Upton (R-MI) e Tom Rice (R-SC), e a senadora Lisa Murkowski (R-AK), que também recebeu doações do ex-presidente George W. Bush. Com isso, observa-se como a divisão do Partido Republicano entre apoiadores e críticos de Trump poderá ser um dos elementos-chave para os resultados das eleições deste ano. Destaca-se, contudo, que a operação de campanha de Trump também tem considerável apoio financeiro, tendo fechado o ano com mais de US$ 122 milhões.

No dia 4, a Comissão congressional responsável pela investigação da invasão ao Capitólio, que ocorreu em 6 de janeiro do ano passado, convocou Marc Short, chefe de gabinete do então vice-presidente Mike Pence, para um depoimento confidencial. No mesmo dia, Pence chocou o público ao proferir um discurso público, no qual contraria o ex-presidente, afirmando que “não tinha nenhum direito de contornar a eleição”. A guinada de discurso do ex-vice, vista como uma “traição” pelos apoiadores de Trump, mostra como seus aliados estão sucumbindo à pressão de condenar suas ações, fato que também poderá afetar os resultados das eleições de meio-mandato. Em uma reportagem, o jornal The New York Times detalha, por sua vez,como a Comissão vem adotando métodos similares aos da Promotoria de Justiça para tentar convencer os aliados de Trump a cooperarem com a investigação.

O presidente Joe Biden prossegue com seus planos de nomear uma mulher negra para preencher o cargo de juíza da Suprema Corte, substituindo Stephen Breyer, que anunciou sua futura aposentadoria no fim do atual mandato. Segundo New York Times, o ex-senador Doug Jones (D-AL) foi escolhido pelo presidente para liderar o time responsável por guiar a busca pela candidata, apesar de não ter sido anunciado oficialmente até o momento. Biden já havia afirmado, no mês anterior, que iria anunciar a escolha da candidata até o fim de fevereiro, considerando a notável simbologia do Mês da História Negra. Alguns políticos republicanos expressaram indignação com a promessa de Biden, defendendo que a escolha para o preenchimento do cargo deve se basear no mérito, e não em fatores raciais, ou de gênero.

 

* Primeira revisão: Rafael Seabra. Edição e revisão final: Tatiana Teixeira.

** Para mais informações e outras solicitações, favor entrar em contato com a assessora de Imprensa do OPEU e do INCT-INEU, editora das Newsletters OPEU e Diálogos INEU e editora de conteúdo audiovisual: Tatiana Carlotti. Contato: tcarlotti@gmail.com.

 

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