OPEU Entrevista

‘Os 100 dias de Trump II’, no Observatório de Geopolítica da TV GGN 

Crédito da arte: Natália Constantino/OPEU

Dossiê “100 dias de Trump 2.0”

Por Tatiana Teixeira, com transcrição de Vitória Zambiazzi* [OPEU Entrevista] [100 dias] [Trump 2.0] [Observatório de Geopolítica] [TV GGN] 

OBSERVATÓRIO DE GEOPOLÍTICA - YouTubeNeste OPEU Entrevista especial, trazemos a transcrição do episódio “Os 100 dias de Trump II”, transmitido pelo programa Observatório de Geopolítica/Estados Unidos, da TV GGN, em 5 de maio de 2025. A bancada fixa de colunistas é composta pelo cientista político, professor de Relações Internacionais e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Costa Junior, moderador do debate; pela editora-chefe do OPEU, Tatiana Teixeira; e por Tadeu Valadares, embaixador aposentado com passagens por Brasília, Paris, Maputo, Assunção, Washington, São José da Costa Rica, Montevidéu, Santa Cruz de la Sierra, Bucareste e Doha, ao longo dos 49 anos de sua trajetória profissional no Itamaraty. 

Para melhor fluidez, clareza e compreensão do texto, o conteúdo foi editado e adaptado em alguns trechos. O vídeo está disponível, na íntegra, no canal do Observatório de Geopolítica no YouTube. 

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Pedro Costa Jr.: Sejam todos bem-vindos e todas bem-vindas ao nosso Observatório de Geopolítica do GGN. […] Eu vou apresentar a nossa bancada dos Estados Unidos nessa primeira semana. Nós vamos ter bancadas diferentes também. E, na nossa primeira bancada da semana, nós estreamos aqui com a professora Tatiana Teixeira. Vocês a conhecem já. Ela participou de alguns observatórios do ano passado, muito querida aqui de todo mundo, do INCT-INEU e do OPEU. Tatiana Teixeira, seja bem-vinda. Muito obrigado pela presença.  

Tatiana Teixeira: Boa noite, comunidade. Boa noite, Pedro. Obrigada pelo convite, estou superfeliz de estar aqui hoje.  

Pedro Costa Jr.: Maravilha. Estará aqui conosco também o embaixador Tadeu Valadares, que já participou conosco do O Mundo é um Moinho, nosso podcast de quinta-feira, às 21h. Não tenho certeza se já participou do Observatório, mas estreia aqui como colunista nosso. Seja bem-vindo. Muito obrigado pela presença, embaixador Tadeu.  

Tadeu Valadares: Eu é que agradeço a você, Pedro, e à Tatiana por essa oportunidade de conversar com vocês e, muito especialmente, de me dirigir a um público que é o nosso público.  

Pedro Costa Jr.: Maravilha. Tati, como é o primeiro programa, por favor, faça uma autoapresentação. Tem muita gente nova que está nos vendo. 

Tatiana Teixeira: Primeiro, boa noite, Tadeu. Bom, eu sou, como Pedro disse, editora-chefe do Observatório Político dos Estados Unidos, OPEU, que é a única plataforma que publica material e pesquisa sobre Estados Unidos. Então, quem tem interesse, por favor, acompanhe a gente. O OPEU está ligado ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre Estados Unidos (INCT-INEU). Eu sou doutora em Ciência Política, fiz mestrado em Relações Internacionais, e a minha primeira formação é no jornalismo. Já fui professora e pesquisadora visitante na Universidade da Pensilvânia, onde fiz o doutorado-sanduíche. […] 

Pedro Costa Jr.: Que bom, muito bom ter você conosco, viu, Tati? Um prazer, uma alegria imensa. Embaixador, gostaria também de uma autoapresentação sua bem breve, dos lugares em que o senhor serviu e esse tipo de coisa.  

Tadeu Valadares: Olha, muito rapidamente, eu sou um embaixador aposentado. Estou aposentado desde 2015 […]. Sou da última turma formada pelo Instituto Rio Branco no Rio de Janeiro, e trabalhei aqui em Brasília, no Itamaraty, na chamada Secretaria de Estado, e em vários lugares no exterior. Só para ver se eu me lembro de todos, porque foi muita coisa. Saí de Brasília, fui para Paris, Consulado Geral em Paris. Do Consulado Geral, em Paris, fui para a Embaixada do Brasil em Maputo, Moçambique, na época em que era dirigida por um grande embaixador, o embaixador Ítalo Zappa. E, de lá, eu fui para Assunção. Trabalhei na Embaixada de Assunção vários anos, voltei a Brasília e fui para os Estados Unidos, para Washington, e, de Washington, para a Costa Rica. […] Gostei muito de lá, como embaixador. E saí da Costa Rica. Eu ainda fui cônsul-geral em Santa Cruz de la Sierra e, depois, as últimas três embaixadas foram em Bucareste, San José, à qual eu voltei, e Doha. Então, essa aí é um pouco da minha vida profissional. 

Pedro Costa Jr.: Que prazer, viu? Que prazer e que alegria ter você conosco aqui, Tadeu. Muito obrigado. Nós vamos chamar de Tadeu aqui, tá pessoal? E também a Tati, nós vamos chamar de Tatiana. Enfim, Tatiana, vamos lá. Vamos abrir a caixa de ferramentas, 100 dias do governo Trump. Qual o seu balanço? 

Tatiana Teixeira: 100 dias, 200 anos, 1.000 anos, né? Há controvérsias sobre quanto tempo esse período durou (risos). Eu queria começar com alguns pontos que me chamaram atenção nesse período. Primeiro, a velocidade e a quantidade de mudanças. Todo mundo viu que foi tudo ao mesmo tempo, enlouquecidamente. Por que isso também me chamou atenção? Além desse volume enorme, depois de uma campanha eleitoral que foi um pouco mais organizada, que teve algum planejamento, confesso que eu esperava um pouco menos de caos e de despreparo. Acho que a gente até chegou a conversar sobre isso em um episódio em que eu participei como suplente, como convidada.  

O que a gente está vendo é o seguinte: o caos é uma ferramenta política disruptiva, essa é uma dinâmica de gestão. Se fala, no senso comum, que é muito aleatório, que Trump enlouqueceu e tal. Mas essa é uma dinâmica de gestão que tem o objetivo de atordoar, desnortear e disseminar o medo. Seja entre a população, seja nas instituições, seja entre os atores políticos. E aí eu incluo os correligionários do Trump.  

Eu acompanho no noticiário vários políticos republicanos que já deram declarações dizendo que eles temem sofrer perseguição políticos em geral, não apenas do Congresso, mas também governadores , que temem sofrer perseguição por parte do Departamento de Justiça, que tem sido muito ativo nesse sentido; por parte da Receita Federal. Temem uma reação muito negativa do eleitorado. E a gente viu o 6 de Janeiro, com Trump incitando a violência do eleitorado dele.  

Então, a gente começa com um governo sem transparência, que intimida as agências e as burocracias. E que conta com um gabinete, diferentemente do primeiro mandato de Trump, com esse núcleo, primeiro e segundo escalão, basicamente composto por pessoas que são leais a Trump, leais ao slogan MAGA (Make America Great Again), e que, em sua maioria, não têm experiência no campo, ou não tem vivência na área específica para a qual foram indicados e nomeados, ou capacidade técnica. 

E a gente vê também, está todo o dia nos jornais, o uso da máquina para vingança pessoal, misturando questões particulares com o público. Isso tem sido cada vez mais recorrente. Eu entendo que é uma política que deve continuar, pelo menos por mais algum tempo, a menos que haja uma atuação mais forte, que os atores [políticos] façam funcionar um dique de contenção, para conter essa ação, para controlar ou impedir minimamente os abusos e atropelos que vêm sendo adotados e implementados pelo Trump.  

Isso é uma coisa que é esperada em um sistema político baseado no equilíbrio e na separação de Poderes, com seu sistema de peso e contrapesos. Isso foi idealizado lá atrás e materializado pelos Pais Fundadores na Constituição Americana. A gente tem, até o momento, a inação do Congresso; republicanos que são lenientes, ou simplesmente que têm medo de agir; os democratas, a oposição; e eu boto os independentes aí também, mas, sobretudo, no caso dos democratas, que têm maior peso – eles ainda estão perdidos. 

A Justiça, o sistema judiciário e também a Suprema Corte já se encontram sobrecarregados. A gente tem uma sociedade que demorou, talvez anestesiada, talvez com medo, enfim, demorou a protestar, demorou a reagir. Mesmo os protestos que a gente já viu, na minha avaliação, eles ainda não têm o volume necessário, proporcionalmente, à gravidade do que está acontecendo em diferentes áreas nos Estados Unidos em todas as áreas, na verdade. 

Imprensa e universidades também demoraram a reagir. No dia da posse, isso ficou muito visível. Trump foi abraçado, naturalizado e absorvido pela imprensa e pelas universidades, como se todo esse processo tivesse sido (embora democraticamente eleito) totalmente dentro da normalidade. E a essa questão eu posso voltar depois.  

Outro ponto que chamou minha atenção tem a ver com a demora do Trump em reagir aos mercados. Porque, para mim, até então — e, de novo, na minha avaliação, pode ter uma discussão sobre isso —, o mercado, as bolsas, o setor financeiro, enfim, ainda seria a principal baliza, o principal foco de preocupação do Trump de agradar. Aí veio o tarifaço, que foi avançando em uma escalada bizarra. As bolsas despencaram, a economia americana teve seu pior desempenho trimestral desde 2022, ainda na pandemia. Então é uma economia em uma situação ainda difícil, se recuperando. A confiança do consumidor caiu, o americano parou de comprar — e aí, lembrando, o consumo é o principal motor da economia nos Estados Unidos. As empresas sem clareza seguraram os investimentos. A gente tinha um horizonte que era tomado pela incerteza, com idas e vindas dessas políticas. Aí Trump… A imprensa americana disse assim: “Ah, Trump piscou”. Ele parou temporariamente, deu uma suspensão, de 90 dias, mas as tarifas seguem, com maior ou menor percentual, a depender do país, naquele cálculo estranho feito por Inteligência Artificial dizem. 

Ele não desistiu dessa política. Não desistiu das outras, especialmente o aparelhamento da máquina pública. Isso está sendo feito com bastante intensidade. [Colocando] pessoas leais a ele em diferentes departamentos e agências, a extrapolação da autoridade executiva, o desmonte do Estado e das políticas sociais redistributivas, sendo DEI ou não (diversidade, equidade e inclusão), e a guerra cultural.  

E, além disso, para poder sustentar esse momento de fragilidade que aparece nas pesquisas embora Trump continue dizendo que é fake news , existe um argumento cristalizado em narrativa sendo dito, insistentemente, por ele e por seus assessores mais próximos, que é o seguinte: nós estamos tendo, e vamos ter, perdas no curto prazo, para termos grandes ganhos, uma revolução, no longo prazo. Então é o seguinte, gente, aguenta mais um pouco, porque o melhor vem aí. Como dizem os jovens, vem aí 

Um outro ponto também que eu considero digno de nota […] é a desaprovação recorde. Segundo todos os institutos de pesquisa não teve um que tenha colocado como se tivesse sido uma desaprovação mais ou menos —, foi uma desaprovação recorde, divulgada até pela Fox News […] a rede preferida dele.  

Esses 100 dias são um período que, historicamente, é de lua de mel do novo governo com o eleitorado em geral. E os 100 dias também são um marco que foi incluído, artificialmente, na tradição política americana, adotado pela imprensa e pelos políticos. Começou com Franklin Roosevelt, em 1933, quando ele fez um balanço das medidas aprovadas no âmbito do New Deal. Por que eu estou citando isso? Porque Trump está obcecado em se comparar com Roosevelt. Têm, assim, algumas diferenças importantes e básicas [entre eles]. Vou citar uma delas: Roosevelt usou o Congresso para aprovar as medidas. E ele tinha um apoio que, salvo engano, nenhum outro presidente teve. Talvez George W. Bush, por conta do 11 de Setembro, mas, ainda assim, foi muito artificial e acabou rapidamente por conta da supressão das liberdades individuais.  

Trump está governando por decreto, apesar de ter a maioria do Congresso. Ele já sancionou 142 ordens executivas. […] É um número que não tem precedentes. E a maioria foi usada para quê? Reverter políticas anteriores, reverter políticas do Biden muito ligadas, por exemplo, à agenda regulatória, meio ambiente, clima. Reduzir o tamanho do governo federal de modo geral, atacando essas agências. Política externa, defesa, imigração, segurança na fronteira, energia, recursos naturais e tarifas: essas foram as áreas que tiveram maior atenção. Claro que tem muitas outras, mas essas concentraram o uso das ordens executivas. 

Pedro Costa Jr.: Excelente. Eu vou passar de primeira, aqui, pro Tadeu. Tadeu, seu balanço dos 100 dias do governo Trump.  

Tadeu Valadares: Primeira coisa, [quero] dizer que eu acho que a apresentação da Tatiana foi um trabalho, digamos, primoroso, colocou o quadro todo. Então, não posso agregar muito ao quadro que ela colocou, de tão completo […] Mas eu vou fazer um comentário que é meio paralelo e bastante convergente […]   

Eu vejo assim… Os Estados Unidos estão em uma crise monumental. E os Estados Unidos, para mim, de certa maneira, parecem aquele deus grego [Nota: romano], o Jano, que tinha duas faces. E os Estados Unidos têm uma face interna muito problemática hoje. Eu acho que o que a Tatiana disse marca, pontualmente, essas dificuldades. [O país] tem também uma outra face, que é a da sua projeção externa, como uma superpotência, uma república imperial, digamos assim, que também é extremamente complicada hoje. Essa face interna e essa face externa, elas são, grosso modo, uma crise que vem de longe, que se desdobra – ao menos para mim – desde a passagem do século.  

Então, nós temos no mínimo 25 anos de crise, da qual Trump é, digamos, um capítulo mais recente, mais desnorteante, mais problemático dessa trajetória que, por motivos quase pedagógicos, a gente pode cortar com o ataque às Torres [o 11 de Setembro] e o que veio depois. E as duas faces, quando a gente junta (tem sempre que juntar algo interno com externo), são uma totalidade, aquilo que a gente sabe que, metodologicamente, é o mínimo que a gente tem que fazer. Mas eu diria que essa face externa foi acelerada, porque é uma crise, agora, de clara decadência relativa dos Estados Unidos. Então isso aí, essa crise, que é uma crise de decadência relativa, tem seu início lá atrás, no início do século. Mas ela é turbinada pela grande recessão de 2007 e 2008 e pela pandemia de 2019. A gente tem que levar isso em conta também. 

E, para mim, essas duas faces juntas, articuladas, tensionadas, sinalizam a exaustão do que certos analistas chamam de “o capitalismo improdutivo”, ou seja, é a exaustão de um esquema que foi montado nos Estados Unidos, em que as forças, digamos, da financeirização são hegemônicas, mas elas são hegemônicas em associação com outras forças – por exemplo, petróleo & gás e setores high tech, na Califórnia. 

É como se a gente tivesse Wall Street, Texas e Califórnia. Essas três, não é que sejam 100% do Trump, mas o apoio deles ao Trump é muito importante. Para não falar na classe média, média mesmo, que é uma classe média quase média baixa, que, nos Estados Unidos, tenta viver com empresários, que é o que os americanos chamam de “Main Street”. Então, “Main Street” está no interior [do país], e tem o Wall Street lá em Nova York, e sempre, historicamente, tem um conflito, um dissenso entre essas duas forças.  

Agora, o que eu vejo do governo Trump, talvez sem muita nuance me perdoem pela minha falta de nuance: são essas forças de apoio, com a capacidade que ele tem de se dirigir diretamente a uma massa que [tem], inclusive, brancos pobres que foram eleitores do Partido Democrata e hoje são eleitores e fiéis ao Trump. Então, tem esse universo que é uma coisa meio disparatada, mas que está aí. A gente tem que tentar entender. O disparate existe. Vamos ver como e porque esse disparate existe. 

O governo Trump, para mim, é uma tentativa um tanto desesperada de corrigir os rumos do país, tanto internamente como na sua projeção externa. É uma coisa que marca muito. Com isso, o que ele faz? O governo, as forças que o apoiam? Ele está rechaçando o que a gente poderia chamar de a “ordem do mundo”. Essa ordem do mundo que foi criada em Bretton Woods, em 1944, e em São Francisco, em 1945, que sofreu aquele processo do hinduísmo, viveu vários avatares, até se transformar na sua fase mais recente, nessa coisa pesadíssima que é a chamada ordem liberal baseada em regras, ordem internacional baseada em regras. E essa ordem internacional baseada em regras, profundamente intervencionista, tem uma dimensão, por um lado, do que a gente chamaria de liberais intervencionistas, e tem uma influência também muito forte dos neoconservadores.  

Então, você tem liberais intervencionistas e neoconservadores que se associam em determinados governos, em determinados momentos. E você tem neoconservadores também no governo Trump. Você tem os que não são neoconservadores e que são muito fiéis a Trump, e os neoconservadores que são mais ou menos fiéis, porque eles são mais fiéis ao seu próprio neoconservadorismo.  

Dito isso, eu acho que o que a gente vê ao longo desses 100 dias é essa tentativa meio brutal, tanto internamente Tatiana mostrou a brutalidade da coisa — quanto externamente, de realmente reestruturar a ordem do mundo. E, além de reestruturar a ordem do mundo, você tem também uma [tentativa] interna que é reindustrializar o país. E, para reindustrializar o país, o primeiro movimento é a guerra tarifária. Então, eu acho que, nesses 100 dias, a gente se surpreende porque, como dizia Tatiana, ninguém esperava tanto, em tão pouco tempo, e de uma maneira tão, eu diria, brutal. É uma espécie de brutalismo. 

Eu acho que a gente está vendo isso e, para continuar conversando, eu diria que, na parte externa, está claríssimo. Trump está querendo acabar com a guerra na Ucrânia. Trump está destruindo, vamos dizer, a relação transatlântica, a relação no Atlântico Norte. E ele está fazendo isso tudo voltado para sair da Europa – sair entre aspas, não sair totalmente, diminuir muito a relação dos Estados Unidos, seja com o Reino Unido, que é secular, mas também com a Europa da OTAN, com a Europa da União Europeia, os membros da OTAN e os membros da União Europeia. Isso tudo tem a ver com o ano de 2011, quando o [então presidente Barack] Obama avisou os europeus: “nós vamos deixar a Europa um pouco de lado, nós vamos sair aos poucos, porque nós temos que conter a China”. Eu acho que aí a gente fecha um pouco o interno. […] 

O que surpreende nós todos, além do estilo, do histrionismo, da brutalidade, disso e daquilo, é que é húbris mesmo. É húbris no sentido de ambição absolutamente desmesurada. Outro dia, eu li um americano… Eu não gosto da visão dele de relações internacionais, mas ele é muito esperto. Ele tem uma frasezinha que eu achei uma maravilha. Ele fala criticando o Trump, porque ele é do esquema do establishment mesmo. E Trump é um establishment esquisito, porque também tem uma parte que não é establishment. E esse senhor saiu com uma frase que eu achei ótima: “Depois da húbris, a gente não pode esquecer, vem a Nêmesis, quer dizer, vem a deusa da vingança e da destruição”. Acho que é uma forma literária de dizer: a política do Trump reflete uma exaustão, ela reflete um desespero. Ela, possivelmente, eu diria, será a última tentativa, por um bom tempo, por parte dos republicanos, de fazer aquilo que eles sempre pensaram em fazer e que, de vez em quando, se chamou revolução. A revolução reaganiana é uma revolução.  

O que o Trump e toda a sua, digamos, corte e seus apoios estão fazendo é uma coisa que é uma revolução. Ele está revolucionando a ordem internacional. Ele quer revolucionar o país, a partir da reindustrialização, mas é uma coisa tão forte e dificilmente viável que teria que mexer o país inteiro. Então é muita húbris, e essa húbris vai acarretar muita nêmesis. Agora, por que a coisa internamente é tão difícil, tão delicada? Eu acho que isso tem a ver não somente com Trump, mas também tem a ver com o neoliberalismo americano, a transformação dos Estados Unidos em uma república financeira. Isso é uma coisa muito importante, é estrutural. A elite americana, as classes dirigentes, eles montaram um esquema que foi muito bom para eles, que não poderia ser melhor. 

Eu vi uma referência, busquei em um livro de um analista chamado Tom Malleson. Ele tem um livro chamado Contra a desigualdade [no original, Against Inequality: The Practical and Ethical Case for Abolishing the Superrich, Oxford University Press, 2023]. Ele diz: “Olha, o 0,01% não é aquele que a gente sempre está trabalhando com ele, o 1%, não é. É o 0,01%. Ele está falando do planeta, mas se aplica aos Estados Unidos. Ele diz o seguinte: 0,01% da população, que são fabulosamente ricos, dispõe de renda média de US$ 31,6 milhões. É impactante. Renda média do 0,01%. Essa renda média é 2.100 vezes maior do que a renda média dos trabalhadores que ganham o salário mínimo médio. O salário mínimo médio é um pouquinho mais alto que o salário mínimo mesmo. O salário mínimo mesmo é de US$ 7,25 a hora e está desde 2015 parado.  

Então você tem isso. A renda média dos trabalhadores que ganham salário mínimo médio é 2.600 vezes menor do que a renda média do 0,01%. Aí o Malleson mostra também o 1%, e ele diz que o 1% dos mais ricos detêm 40% da riqueza nacional. E aí é a festa da financeirização. E os 40% que formam a base da pirâmide social, ele diz, dispõem de quase nada em termos de riqueza nacional. Quando você coloca esse quadro nos Estados Unidos e vê em termos de uma estrutura de longo prazo, você vê por que os Estados Unidos estão em transe. Eles estão cada vez mais em transe, e há muito tempo. E não é por outro motivo que a desigualdade se tornou absurda. Então, eu acho que, nem no plano externo e muito menos no plano interno, este governo tem ou terá condições efetivas de tornar a América de novo grande. 

A minha visão, eu sei que é uma coisa pouco científica, é uma coisa muito de quem não é um cientista social. A minha visão é que os próximos três anos vão ser três anos de aumentada turbulência e que nós não sabemos hoje em que vai dar essa turbulência. A meu ver, dada a estrutura imperante dos Estados Unidos e a história que explica a montagem dessa estrutura, ninguém sabe o que vai acontecer. Uma das coisas mais improváveis é que a democracia americana, com suas instituições, com seu jogo de contrapeso, consiga segurar essa onda simplesmente usando, digamos, seu arsenal institucional. Eu acho que pode acontecer, mas não é talvez o mais provável. Eu acredito que vai haver muita turbulência.  

Eu sei que a gente não deve fazer comparações históricas como analogia, porque é muito furado em geral, mas eu creio que houve dois momentos na história dos Estados Unidos que foram muito fortes em termos de mobilização social. Eu não sou um especialista em história dos Estados Unidos, eu sou um leitor. Mas, certamente, você tem dois momentos. Você tem um momento que é o da Guerra Civil, o término da escravidão formal nos Estados Unidos. Você tem outro momento que é o de 1929, a crise de 29, que vai levar ao que a Tatiana disse, levou ao [presidente Franklin Delano] Roosevelt. Os historiadores mais críticos mostram que Roosevelt, quando se lançou candidato, não fez qualquer menção a um eventual New Deal, mas ele foi tão pressionado pela base, pela classe operária daquela época, pelos trabalhadores rurais, pelos pobres das cidades e do campo, ou seja, pela base da pirâmide social. Ele foi tão pressionado que ele teve que fazer o New Deal 

Fechando essa história, você tem Guerra de Secessão, New Deal. Você depois tem os anos 1960. Os anos 1960 foram terríveis para os Estados Unidos — a Guerra do Vietnã , e você tem, nos anos 1960 também, a gente não deve esquecer, o último grande projeto reformista do capitalismo americano que encontrava suas raízes no New Deal de Roosevelt, que foi o projeto da Grande Sociedade, de Lyndon B. Johnson. Lyndon Johnson queria fazer o quê? Uma guerra contra a pobreza, uma guerra pela educação, uma guerra pela saúde pública e várias outras guerras, várias frentes de guerra de 1964 a 1968. 

Nunca mais houve nos Estados Unidos um projeto… O projeto do Lyndon Johnson já era, entre aspas, menor do que foi o New Deal. Mas, depois do projeto do Lyndon Johnson, a elite, digamos, econômica e político-ideológica e liberal americana, no sentido americano da palavra liberal, nunca mais conseguiu montar um projeto grande que tivesse sua raiz no New Deal. Ao contrário, os republicanos sempre foram contra, e os democratas, em especial com [o então presidente Bill] Clinton, eles fizeram um acordo, estabeleceram as afinidades eletivas todas possíveis entre eles próprios, que aí já eram os novos democratas, os da Terceira Via etc. E, simplesmente, você continua tendo retórica, políticas tópicas e tal, mas você não tem mais uma coisa como foi o New Deal e também não tem como foi o projeto da Grande Sociedade.  

Acho que, nesses próximos três anos, nós vamos estar como agora nesses 100 dias que a gente fica todo dia “aconteceu isso, aconteceu aquilo, aconteceu não sei o quê”. Nós vamos ter três anos de 100 dias seguidos. Essa minha fala é para deixar vocês todos, e eu também, muito preocupados.  

Pedro Costa Jr.: Perfeito, Tadeu. Tati, você faz uma fala, como nas palavras do próprio embaixador Tadeu Valadares, brutalista, trazendo o método brutal de 100 dias do governo Trump. Porque ele executa isso de uma forma brutal e brutalista, podemos dizer assim. É uma fala excelente a tua. Depois, o embaixador Tadeu faz uma fala que traz um expressionismo, uma big picture. Ele traça o grande quadro e mostra as duas faces do governo Trump a face interna, a face externa e os grandes desafios de um país em declínio. O desafio de reconstruir e construir uma nova ordem internacional, uma nova ordem mundial, baseada no fim da ordem mundial baseada em regras, e os desafios disso. 

Então, nessa última parte do nosso debate, eu gostaria de focar com você, Tati, um pouco na questão interna e depois, lá no final, voltar pro Tadeu para a questão externa. Você pode ter um tempo estendido, por uma questão de balanço. E, internamente? Quem pode deter esse projeto brutalista de Trump? Porque, na sua primeira fala, que é muito interessante, você fala da aniquilação, como ele foi aniquilando sem muitas dificuldades. As universidades demoraram para acordar, você disse lá atrás, e todos nós vimos isso. Os intelectuais demoraram a se manifestar. Se nós pegarmos a mídia mesmo, para quem acompanhou o primeiro governo Trump, a mídia de 2017, do primeiro ano Trump, e por aí em diante do primeiro mandato inteiro do governo Trump, comparado à mídia hoje, essa mídia agora é tímida, jardim de infância, juvenil. E esse é outro tipo de pressão. Só para dar um exemplo, o dono do Washington Post, o Jeff Bezos, mostrou na sua plataforma Amazon os tarifaços e algumas das suas repercussões. Trump ligou para ele, pessoalmente, e falou: “Tira isso daí”. E ele tirou. Sem contar o que ele fez durante a campanha, apoiando o próprio Trump.  

[…] E, principalmente, Tati, o Partido Democrata. O Partido Democrata em 2017 relutava em reconhecer a vitória do Trump, em legitimar a vitória do Trump, porque ele venceu no Colégio Eleitoral, mas Hillary Clinton tinha vencido no voto popular. Eles pediram o impeachment do Trump. Eles levaram isso adiante. Eles geraram instabilidade pro governo Trump do primeiro ao último dia, o mainstream do Partido Democrata. E agora, o Partido Democrata, como você diz, todo atrapalhado, e mais me parece até, não sei, Tati, me parece até uma estratégia, porque, tirando vozes dissonantes, como o senador Bernie Sanders (I-VT) ou a congressista Alexandria Ocasio-Cortez (D-NY), por exemplo, quem dá as cartas no Partido Democrata mesmo, parece que, para usar a expressão do futebol, está deixando o Trump jogar parado, ele se enforcar nos próprios erros.  

Eles parecem ter assumido uma estratégia conscientemente diferente do que eles fizeram no primeiro mandato, em que eles eram muito atuantes, em que inclusive o projeto de impeachment foi à frente e foi derrotado no Congresso. No fundo, estou trazendo aqui, fazendo um balanço das suas reflexões, das reflexões do embaixador Tadeu, da professora Tati, para perguntar internamente quem é capaz, quais são as forças que podem parar o governo Trump. 

Tatiana Teixeira: Olha, primeiro, concordo com a excelente apresentação do Tadeu. É de arrepiar, né? O cenário é bem tenebroso, e eu acho que a gente deve estar preocupado no médio e longo prazo. Principalmente porque, em se tratando dos Estados Unidos, isso nos afeta muito diretamente embora, enfim, a gente não tenha sido tão prejudicado pelo tarifaço, mas nos afeta.  

E, voltando para a política doméstica, só um acréscimo, acho que para ajudar quem está ouvindo a ter uma noção; para quem não sabe da importância que foi o New Deal, que é, junto com o programa Great Society, do Johnson, o que está em ritmo de desmonte e destruição por parte do Trump e do Projeto 2025. O que Roosevelt fez foi reconstruir o país no momento, como o Tadeu descreveu, de uma crise gravíssima. Criou programas e agências reguladoras – que é agora o eixo, uma das demandas dos republicanos, está lá no Projeto 2025. Roosevelt aumentou a proteção dos trabalhadores, dos consumidores, aumentou o escrutínio e o limite de atuação das empresas em diferentes setores. No caso das agências reguladoras, a gente está vendo todo dia nos jornais, sofrendo um ataque mais maciço. [Roosevelt] também limitou ou tentou limitar monopólios, monitorar o mercado, estabelecer padrões de ética e algum tipo de accountability, que a gente traduziria como uma prestação de contas, uma responsabilização por parte do governo, e a gente não está vendo isso hoje.  

Eu também concordo com Tadeu e acho que já vou um pouco na sua pergunta. Apesar da desaprovação gigantesca, tem a aprovação do Trump com a base sólida dele, a base MAGA, que é a mais fiel, que é a que garante a ele um percentual de voto alto, porque eles vão votar. […] Trump não tem estímulo suficiente para mudar de trajetória. É claro que não estou fazendo nenhuma previsão. A política muda todo dia. Pesquisa, por exemplo, é só um retrato do momento, não é verdade absoluta. Mas ele não tem esse estímulo para mudar agora. 

Primeiro, como você descreveu, eu tinha falado antes: a oposição não conseguiu reagir oposição estou falando diretamente dos democratas de forma consistente e unida. [Não conseguiu] se unir como os conservadores fazem, porque ali, entre os republicanos, nesse momento, a gente não vai se enganar, Tadeu falou um pouco isso, tem um saco de gato ali dentro. Têm os libertários, têm os conservadores mais tradicionais, têm ainda uns neocons meio perdidos no tempo e no espaço, têm os conservadores nacionalistas. Cada um ali está com a sua agenda. E, em nome dessa agenda, dessa barganha, em nome das promessas esperadas feitas durante a campanha tem o pessoal das Big Techs também , eles continuam e vão aceitando um Trump autoritário e corrupto, como a gente tem visto.  

Trump também tem maioria no Congresso, embora não seja um cheque em branco, mas tem essa maioria, tem maioria na Suprema Corte. E aí a pergunta é: os democratas, nesse período, o que eles conseguiram? Democratas como uma grande oposição? A gente não tem isso. Voltando para os republicanos, qual é a agenda, o que faz eles continuarem – o GOP, o Grand Old Party, como é conhecido também o Partido Republicano – nesse navio que, de fora, aparenta estar afundando, mas eles continuam lá? Desregulação em vários setores, isso eu falei, enxugamento do Estado, das políticas de Bem-Estar social, desmontando tudo que foi construído lá atrás, redução dos impostos para os mais ricos, para as empresas, aumentar o controle social sobre os indivíduos, que é uma agenda bem dos conservadores cristãos.  

Eu acho que o problema, falando de novo dos democratas […] Além de não ter um consenso sobre as prioridades, se eles vão meio que se endireitar, no sentido de ir mais pra direita, ou se eles vão ficar no centro, ou se vão dar espaço (já sufocaram, há anos o Partido Democrata vem sufocando) para a ala mais progressista. Embora não seja exatamente uma progressista, Kamala Harris foi fritada. Hillary Clinton também não teve um apoio, embora seja uma “falcoa”, entre aspas. Por ser mulher, ela também teve seus perrengues dentro do partido. Então, não tem consenso sobre prioridade, não tem consenso sobre qual é a identidade geral do partido.  

Para se ter uma ideia, Elon Musk é o primeiro ponto de convergência de diferentes facções, no sentido de lados, de grupos. Ele se tornou um ponto para voltar à luta. Mas isso é insuficiente. Porque, em algum momento, ele já está aí com o pé fora do governo, isso vai mudar. Eu acho que essa reação teria, sim, de vir dos democratas juntos. É multifatorial, não pode ser um elemento só. Democratas independentes, porque, em última análise, as midterms estão aí. Trump não pode vencer as midterms apenas com o voto da sua base. O grupo que levou Trump à vitória em 2004 foi um grupo mais amplo e que é muito heterogêneo, diverso. 

Ele teve, além dos eleitores da base, os eleitores que estão sempre com ele, ele trouxe eleitores independentes, eleitores que nem sempre vão votar lembrando que, nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. Ele conseguiu jovens, que todo mundo achava que eram Kamala. Conseguiu eleitores hispânicos. Conseguiu homens negros. E aí a questão é: ele foi eleito para poder fazer o quê? Resolver questões básicas de economia. Por quê? O que derrubou Biden, além, claro, dele mesmo? (Aquele desempenho no debate, ele já não tinha mais a aparência que se esperava ou não agia em conformidade com o habitus de um líder da ainda maior potência do mundo…) Foi a inflação. Isso é uma coisa em que Trump vai ter que prestar atenção agora.  

Sobre a sua pergunta de exatamente quem consegue [conter Trump], a população tem que tomar as ruas e pressionar os seus políticos no Congresso, porque os políticos no Congresso, na tradição política americana, eles não seguem uma fidelidade partidária, eles seguem o interesse do seu eleitor local. Então, é ir para a rua, pressionar o seu político. Os democratas se organizarem, get your shit together. A Suprema Corte… Agora Trump tem maioria, seis a três, mas a Suprema Corte deve votar com decência.  

Acho que a gente está caminhando para um balanço, que é o seguinte: o que Trump já conseguiu? Apesar de as pesquisas estarem ruins para ele, ele esmagou a direita e o centro. Está, também, de alguma forma, deformando os progressistas. Enfraqueceu a oposição. Acabei de falar, os democratas estão perdidos e atordoados. Ele mudou o jeito de fazer política. Agora não tem limite, não tem certeza sobre nada, não tem certeza sobre as medidas, é um cenário de imprevisibilidade.  

E eu acho que isso é o mais importante. Ele conseguiu, nesse governo, junto com o Projeto 2025, de forma clara, colocar no debate algo que há muitos anos era impensável de se falar diretamente, que é o desmonte do Estado, acabar com as políticas de Bem-Estar social. Então, para acompanhar, acho que a gente tem que olhar primeiro os próximos 100 dias que, como disse o Tadeu, vão ser de caos, batalhas judiciais sem parar, demissões do funcionalismo, encerramento de programas e agências. Que vai ser turbulento é uma palavra, assim, muito até educada para a gente se referir a isso. E uma outra coisa que eu acho muito importante, desse monitoramento, já que a gente está falando do eleitor: o eleitor tem que ir pra rua, tem que ir lá no gabinete do seu vereador, do seu congressista, porque é isso que, talvez, leve a alguma mudança, junto com a atuação política e das organizações também.  

É importante a gente acompanhar, daqui para frente, a aprovação de Trump nos swing states, porque ele venceu nos sete swing states. Na verdade, a vitória dele foi, em grande parte, por isso. Acompanhar a reação da população aos efeitos das políticas econômicas e, principalmente, a percepção da população sobre quem é responsável pelo que acontece de bom e de ruim na casa de cada americano. Eu acho que é, principalmente, essa percepção. Porque, até agora, Trump conseguiu se blindar, tanto na campanha quanto agora. Então, isso é importante. Eu vou encerrar aqui, porque acho que me estendi.  

Pedro Costa Jr.: Fantástico. Lourdes, a gente ainda tem tempo para uma última intervenção? Eu preciso de uma sinalização. Nosso tempo eu não sei como é que está.  

Lourdes Nassif: Bom, sorry. Não tem. 

Pedro Costa Jr.: Então, tá bom. Vou propor aqui pro próximo programa já. Tadinha da Lourdes, sem ela, isso aqui cai, viu, pessoal? Nossa produtora, aqui, ela segura a onda para a gente. Ela é nosso sustentáculo aqui nos bastidores.  

Embaixador Tadeu, eu vou propor, para o nosso próximo encontro, abordarmos essa questão externa, os desafios do trumpismo, o que ele se propõe a fazer. Você se apresentou brilhantemente do ponto de vista externo, dado em vista dessas duas faces. Você colocou a face interna e a face externa. A apresentação da professora Tati foi brilhante agora também nesse final. Vocês viram aqui que conteúdo vai ter de monte, né, pessoal? Conteúdo embasado não vai faltar, como vocês observaram bem aqui. Infelizmente, quando o debate é muito bom, o tempo passa urgindo, passa muito rápido.  

E eu gostei muito, Tati. A gente pode pensar, no próximo programa já passo a palavra, Tadeu falar das vitórias de Trump, quer dizer, em que Trump foi bem-sucedido? Que é o que você coloca como uma indagação. Eu acho que esse é um ponto que a gente pode refletir também daqui para o próximo programa. Fica coletivamente para nós pensarmos juntos. Tadeu, passo a palavra para você. 

Tadeu Valadares: Obrigado, coisinha rápida, aproveitando o que Tatiana fez outra vez, mapeou com a maior precisão. Eu digo isso, porque eu trabalho com portulanos, e ela trabalha com mapas realmente precisos. Por isso eu queria lhe dar parabéns, Tatiana, realmente um barato. Agora, eu queria comentar sobre o que você falou da crise interna do Partido Democrata, que também é uma crise dificilmente solucionável. Eu hoje li um texto… Tem uma publicação nos Estados Unidos chamada Ground Zero, G Zero, que ele colocou em dois parágrafos, eu vou traduzir. Eu sempre me atrapalho na minha tradução de inglês para o português, mas é mais ou menos assim o que diz o jornalista em dois parágrafos: “o Partido Democrata hoje está sem qualquer liderança ou estratégia, não tem nenhum plano claro para o que ele tem que fazer para enfrentar o presidente ou vencer as futuras eleições”. E aí é o segundo parágrafo: “sem nenhum caminho claro direcionado para a frente, os democratas arriscam maior fragmentação ainda neste momento em que eles tentam se recuperar da derrota, se reequilibrar, antes das eleições de meio período de 2026, e também com vistas, a mais além, de 2028”. Mas eu achei essa frase, quando você falou, eu anotei essa frase que eu achei tão interessante. A Tatiana está falando sobre a crise de identidade, fragmentação. O conflito interno, até ideológico, dentro das alas do partido é enorme. Então, eu queria só ler para vocês essa frase que eu achei muito interessante no contexto da fala da Tatiana. A gente se vê na próxima. 

Pedro Costa Jr.: Excelente. Sintetizou bravamente aqui. Muito obrigado, Tadeu, querido. Muito obrigado, Tatiana, querida. Muito obrigado a todos vocês que ficaram conosco até agora. Amanhã, nós voltamos, com a nossa nova programação diária. Amanhã, excepcionalmente às 18h, nas terças-feiras. Amanhã, nós vamos falar do Oriente Médio, vamos falar de Gaza, Israel, Palestina e Oriente Médio. Todos convidados. Fique agora com o Jornal GGN, com o âncora Luis Nassif. Grande abraço.

 

* Tatiana Teixeira é editora-chefe do OPEU.

Vitória Moreira Zambiazzi é pesquisadora colaboradora do OPEU, graduada em Relações Internacionais pela UFSC e vinculada ao grupo de pesquisa da UFSC sobre Coerção e Consenso: a política externa dos Estados Unidos para a América Latina. Contato: vitoriaazambiazzi@gmail.com.

** Revisão e edição: Tatiana Teixeira. Transcrição: Vitória Moreira Zambiazzi. Este conteúdo não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU. 

*** Sobre o OPEU, ou para contribuir com artigos, entrar em contato com a editora do OPEU, Tatiana Teixeira, no e-mailtatianat19@hotmail.com. Sobre as nossas newsletters, para atendimento à imprensa, ou outros assuntos, entrar em contato com Tatiana Carlotti, no e-mailtcarlotti@gmail.com. 

 

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