Robert Francis Prevost, o papa Leão XIV. Conheça-o

Cardeal Robert Prevost, ao deixar a Sala do Sínodo do Vaticano, em 22 abr. 2025, após a primeira congregação geral do Colégio de Cardeais (Crédito: CNS/Vatican Media)
Por Andy Mickelly Canovas Lima* [Informe OPEU] [Religião] [Papa Leão XIV]
Nascido em Chicago, Illinois, nos Estados Unidos, Robert Francis Prevost, ingressou na Ordem de Santo Agostinho, uma ordem religiosa com uma história de serviço à Igreja e ao mundo. Antes de sua eleição ao papado, o cardeal Prevost serviu como bispo de Chiclayo, no Peru, e posteriormente como prefeito do Dicastério para os Bispos, um papel crucial na nomeação de novos bispos ao redor do mundo. Sua experiência pastoral na América Latina e seu trabalho na Cúria Romana proporcionaram-lhe uma visão global da Igreja e dos desafios que ela enfrenta.
Sua formação agostiniana enfatiza a busca pela verdade, a comunidade e o serviço aos necessitados, valores que se espera que permeiem seu pontificado como Leão XIV. A figura do novo pontífice e sua proximidade com o papa Francisco durante seu tempo no Dicastério para os Bispos sugere uma continuidade em certas áreas, como a ênfase na misericórdia, no diálogo inter-religioso e na atenção aos pobres.
Posicionamentos do novo pontífice
Prevost foi contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e a ideologia de gênero nas escolas. Em discurso em 2012, por exemplo, criticou o “estilo de vida homossexual” e, no Peru, colocou-se contra o ensino escolar que “busca criar gêneros que não existem”.
Apesar disso, é considerado um seguidor de Francisco. E pode ser visto, também, como uma continuidade da liderança latino-americana no Vaticano. O novo papa é naturalizado peruano e trabalhou no país por duas décadas.
De forma clara, Robert Prevost se posicionou contrário à pena de morte. “Eu, pessoalmente, e vou proclamar na Santa Missa: é que temos de estar sempre a favor da vida, em todo momento. Isso significa que, não pessoalmente, mas como Igreja, que a pena de morte não é admissível”, declarou ao jornal peruano La República, em 19 de abril de 2022.
Peru e sua relação com papa Leão XIV
Em seu primeiro discurso como papa Leão XIV, ele fez uma saudação especial à sua “querida diocese no Peru”, expressando seu apreço pelo povo que acompanhou seu episcopado e contribuiu para a construção de uma Igreja fiel. Essa menção inicial sublinha a importância do Peru em sua trajetória e a continuidade de seu vínculo com o país, mesmo agora como líder da Igreja Católica global. Espera-se que sua experiência pastoral no Peru influencie sua visão e prioridades para a Igreja, especialmente em relação às questões mais prementes da América Latina, como a pauta migratória – sobretudo, em meio às decisões tomadas pelo governo Trump 2.0 até o momento.
Reação de líderes mundiais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou a escolha do novo pontífice e pediu continuidade do legado de Francisco, em mensagem publicada na rede X (foto abaixo).
O presidente colombiano, Gustavo Petro, destacou a passagem pelo Peru. “Espero que ele seja o grande líder dos migrantes no mundo e que ele encoraje nossos irmãos migrantes latino-americanos, hoje humilhados nos Estados Unidos”, escreveu em uma publicação no X.
Javier Milei, o presidente da Argentina, publicou uma imagem de um leão vestido de papa com os dizeres: “as forças do Céu deram seu veredito. Chega de palavras, Sr. Juiz. Fim”. Autocentrada, a mensagem faz alusão ao nome escolhido pelo papa, Leão XIV, por conta do apelido de “leão” que o presidente argentino pegou para si.
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou que “o mundo precisa desesperadamente de paz”.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou que “a Ucrânia aprecia muito a posição consistente da Santa Sé em relação à adesão ao direito internacional, à condenação da agressão militar da Federação Russa contra a Ucrânia e à proteção dos direitos de cidadãos civis inocentes”.
Na França, o presidente Emmanuel Macron publicou: “Um momento histórico para a Igreja Católica e seus milhões de fiéis. Ao Papa Leão XIV e a todos os católicos da França e do mundo, dirijo uma mensagem de fraternidade. Que neste 8 de maio este novo pontificado seja de paz e esperança”.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, congratulou o pontífice. “Parabéns ao Papa Leão XIV e à comunidade católica mundial. Desejo ao primeiro papa dos Estados Unidos sucesso em promover a esperança e a reconciliação entre todas as religiões”, diz a mensagem publicada na rede social do primeiro-ministro.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, enviou felicitações ao sumo pontífice após sua eleição. “Desejo a Vossa Santidade sucesso no cumprimento da alta missão que lhe foi confiada, bem como boa saúde e bem-estar”, diz a mensagem divulgada pelo Kremlin.
Relação com Trump e suas políticas
A relação entre o papa Leão XIV e o presidente Donald Trump e suas políticas é um tema delicado e complexo. É importante notar que a Igreja Católica, sob a liderança de diferentes papas, tem mantido uma postura consistente em relação a certos princípios que podem divergir de algumas políticas de Trump.
Entre a cruz e a fronteira: a tensão simbólica entre papa Francisco e Donald Trump
Entenda melhor a relação entre o papa Francisco e Trump neste Informe OPEU de Andy Mickelly Canovas Lima
A eleição de Leão XIV, o primeiro papa americano, gerou uma reação notável de Donald Trump. Inicialmente, expressou grande honra e entusiasmo com a eleição, destacando o significado histórico de um papa americano. Publicou declarações em suas redes sociais, enfatizando o “grande privilégio” que isso representa para os Estados Unidos, além de demonstrar o desejo de se encontrar com o novo pontífice. Essa aparente cordialidade contrasta, no entanto, com as críticas anteriores de Leão XIV às políticas de imigração do republicano, indicando uma relação potencialmente tensa.
Catolicismo nos Estados Unidos
A relação entre os católicos americanos e a política é intricada e diversificada. Historicamente, o voto católico tem oscilado, refletindo as divisões políticas do país. Para falar apenas da política recente, lembremos de Joe Biden, democrata, cuja fé foi um aspecto visível em seu mandato; e do vice-presidente de Trump, J.D. Vance, republicano, aderente ao catolicismo desde 2019.
Os católicos representam 19% da população adulta dos EUA, segundo pesquisa do Pew Research Center. Essa porcentagem demonstra a relevância da Igreja Católica no panorama religioso americano, posicionando-a como uma das maiores denominações do país e influenciando diversos aspectos da sociedade, desde a política até (e sobretudo) as discussões culturais.
A Igreja Católica nos EUA enfrenta desafios como o declínio da frequência às missas e a polarização política, que se reflete na divisão entre os próprios católicos. A relação entre os católicos americanos e o Vaticano também tem sofrido alguns atritos nos últimos anos, principalmente com as divergências de pensamentos entre o papa Francisco e alguns grupos conservadores dentro da Igreja americana. Vale ressaltar as diferenças posições do ex-pontífice com o atual presidente norte americano, em especial, no que se refere às agendas migratória e ambiental/climática.
Conheça alguns dos textos da autora publicados no OPEU
Informe “Entre a cruz e a fronteira: a tensão simbólica entre papa Francisco e Donald Trump”, 25 abr. 2025
Informe “A postura dos EUA no Acordo de Paris sob a ótica Trumpista”, 26 nov. 2024
Informe “Perdão presidencial e polarização: o conflito político após o ataque ao Capitólio”, 7 mar. 2025
Informe “A tensão simbólica entre Papa Francisco e Donald Trump”, 25 abr. 2025
* Andy Mickelly Canovas Lima é graduanda do sétimo semestre do curso de Relações Internacionais da Universidade Anhembi Morumbi e aluna participante do projeto de extensão da referida instituição em parceria com o OPEU. Contato: andy.mickelly@gmail.com.
** Revisão e edição finais: Tatiana Teixeira. Recebido em 8 de maio. 2025. Este Informe não reflete, necessariamente, a opinião do OPEU, ou do INCT-INEU.
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